sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

De saco cheio! (Por Thaís Azenha)






Depois a gente é intransigente, difícil, maluca, 
bipolar, mal humorada, bem humorada demais, 
tímida, extrovertida em excesso, bêbada, 
confusa, sóbria em demasia, centrada demais, 
tripolar, chata, gente boa, mas nunca o suficiente.
Falo demais e ás vezes bebo demais, 
amo demais, sinto demais.
E faço várias outras coisas em excesso. 
Isso! Sou excessivamente ser humana!
Mas nunca soube esperar muito por nada.
Nem por ninguém. 
Estou aqui hoje, 
amanhã estarei ocupada.
Espero por respostas imediatas
que nunca me serão dadas.
Crio deuses e formas para conseguir 
adaptar-me ao mundo. 
Graduada em ser eu mesma.
Cansada de sobremesas que 
escondem o sabor do fel.
Sou a própria colméia apedrejada.
Não sei ser só metade.
Ou me tens inteira,
ou deixe a abelha
e dê espaço pra quem queira.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Reflexões de fim de ano, ser feliz e o resto pro inferno.(Por Lua)


Segunda-feira chuvosa, eu no trabalho escutando um CD antigo que eu nem sabia que tinha. Se chama Encomium, e é um tributo ao Led Zeppelin. Blind melon, Never the Bride, Stone Temple Pilots, Robert Plant e Tori Amos, Big Head Todd and the Monsters, e até Duran Duran, muito bom. Percebo que tem uns colegas de nariz meio torcido, mas nem me importo porque me lembro de quantas vezes fui obrigada a escutar merdas sem fim e fingir que não estava me incomodando quando na verdade eu sentia que meu cérebro estava sendo revolvido dentro de uma betoneira.A internet não está funcionando. Sem internet fico sem ter como trabalhar então, inevitavelmente, meu cérebro começa a divagar.

Nada melhor que a combinação de rock com ociosidade para provocar uma auto-análise automática, algo comum e necessário no fim do ano. Poderia fazer aquelas listas de resoluções bem clichês, mas eu perderia essa lista antes do fim do ano, além disso, o primeiro item dessa lista teria que ser: lembrar de ler a lista durante o ano. Além do mais o que almejo nesse próximo ano é algo que deve estar guardado no coração e não em um pedaço de papel. Pretendo ser feliz, continuar no mesmo emprego, continuar amando o mesmo homem, que esse homem continue me amando, ser uma boa mãe, uma filha mais presente e uma irmã mais conectada à internet para falar mais com o irmão que está do outro lado do mundo, com o qual falo pouco por preguiça de abrir o e-mail. Quero continuar tomando minha cervejinha, ouvindo boa música, pulando nas cachoeiras, levando os filhotes para fazer piquenique no parque, talvez conhecer a Dinamarca para tomar cerveja de água de iceberg ou a Áustria para nadar na piscina de cerveja gelada (o que provavelmente não acontecerá nesse ano).

Enfim, o que parei mesmo para pensar foi sobre minha vida até esse momento. Os erros que cometi, pessoas que afastei, problemas que eu mesma causei... Estava seguindo essa linha de raciocínio depressivo de fim de ano quando pensei: quer saber? Porra nenhuma. O lance é ser feliz. Aí o interessante foi perceber que os problemas que causei foram solucionados, ou estão em vias de ser porque não há mal que dure para sempre. As pessoas das quais me afastei não me fazem falta alguma, não que não tenham tido sua importância, mas tudo tem seu tempo de ser, a vida vai se adequando, se encaixando e as pessoas que ficam para trás já não tem mais espaço na nossa vida, simplesmente porque outras tomaram seu lugar. Devo ter sido importante na vida de alguém também, o que na verdade não faz a menor diferença na minha vida agora. Percebi que tenho muitos problemas, mas percebi também que isso não é uma exclusividade minha, todos têm. A vida deve ser assim mesmo, uma sucessão de problemas para serem resolvidos com pequenos intervalos que servem para nos deixar respirar e achar que daqui pra frente tudo vai ser diferente (ando meio no clima do Reveillon). Vi que sonhos se destroem para abrir espaço para construção de outros. Pessoas saem de nossas vidas para dar espaço para outras entrarem. Vi que os erros que cometi foram importantes para me tornarem quem eu sou hoje. Aconteceram muitas coisas boas na minha vida, mas aprendi mesmo foi com as ruins. Aprendi sobre sentimentos; aprendi a ouvir mais; aprendi que amor deve ser cultivado todos os dias; aprendi que não sei nada sobre a vida, e que ninguém sabe, pois ela é dinâmica, se transforma a cada instante e é  exatamente nisso que consiste  a graça de viver: no desconhecido com o qual nos deparamos todos os dias, nas incógnitas que devemos desvendar, nas superações pelas quais temos que passar, e passamos, tanto é que estamos aí, vivos.  Aprendi que às vezes podemos e devemos fingir que problemas não existem mas que não devemos fazer isso o tempo todo porque como diz o Arnaldo Antunes: debaixo d água tudo fica mais bonito, mais azul, mais colorido, MAS TEMOS QUE RESPIRAR, TODO DIA.
 

Então, quer saber de uma coisa, me deixa ser quem eu sou, escutar Beatles, Led Zeppelin, Mutantes e Los Hermanos, independente de você gostar ou não. Me deixa mudar de opinião quantas vezes eu quiser, pensar que só existe gente legal no mundo, confiar em quem acabo de conhecer, e se isso não se faz não me lembro de ter pedido sua opinião. Me deixa rir do que não tem graça, tomar banho de chuva, cantar em inglês errado. Me deixa gostar do silêncio e querer rock na altura máxima, me deixa reclamar do que eu não tenho e do que eu tenho também, me deixa não reclamar de nada. Me deixa sair da dieta por causa de um chocolate, colocar adoçante na caipiroska, chorar quando ganho uma caixa de doces argentinos quem lembram meu pai, mudar meus planos, ficar em casa num dia de sol e querer sair num dia de chuva, beber Cantina da Serra em taça de cristal. Me deixa fingir que não estou ouvindo o telefone tocar, chorar escondido e sorrir pra todo mundo achar que estou feliz. Me deixa ser sensível, sentir demais e ninguém fazer idéia disso, me deixa sair de chinelo, usar chapéu porque não quero pentear o cabelo, morar na lua,  falar palavrão, conversar sozinho, não fazer as unhas, me vestir como se eu fosse pra uma festa e ir só no barzinho da esquina encontrar uma amiga, pensar que sei tocar flauta, passar chapinha no cabelo para ir na padaria. Me deixa acreditar em fadas e duendes, me arrepender das besteiras que ainda vou fazer, achar que beijos curam, gostar mais dos loucos, ter amigos bobos, assistir desenho animado, conversar horas sobre questões freudianas e dogmáticas e depois mudar de assunto e discutir sobre o jutsu da sombra do Shikamaru, ou sobre qual dos ninjas do Naruto eu me identifico mais. Deixa-me ser eu mesma, ou qualquer outra pessoa que eu queira ser e seja você, ou o Bozo, ou quem você quiser sem se importar com mais nada, porque quando a vida acabar você será muitos, um para cada pessoa pela qual você passou. Para uns será gente boa, para outros um otário, alguns te acharão uma pessoa responsável, outros a personificação da irresponsabilidade. Alguns pensarão que você aproveitou bem a vida, outros pensarão que a desperdiçou  e por aí vai. Seja quem você quiser e se renove sempre que achar necessário ou tiver vontade, ou não se renove se não tiver vontade, porque tem gente que zela por uma determinada imagem a vida inteira e no fim essa imagem apenas se desfaz, se dissolve nas palavras alheias, nas lembranças que vão se apagando e aí você já não está mais vivo, a imagem que você tentou deixar simplesmente nunca existiu, porque cada pessoa tem sua própria percepção de si e dos outros. Nessa tentativa de criar uma imagem que você nunca criará, porque você não comanda o cérebro dos outros e não há como agradar a todas as pessoas, nem desagradar a todas também, você não viveu plenamente, não viveu todas as possibilidades, não experimentou todos os sentimentos, as sensações, não se libertou, não entendeu que o corpo aprisiona a alma, mas a mente é a chave para libertá-la.

Então como diz o filósofo Sid (a preguiça da ERA DO GELO), o importante é viver e procurar um arco-íris em cada canto, ser feliz. E QUE TUDO MAIS VÁ PRO INFERNO!!!