O improvável encontro das almas
solitárias, que há tempos se procuravam em corpos vazios e copos transbordantes,
ocorreu em mais uma daquelas tardes inespecíficas onde a única explicação para
a peregrinação etílica é a eterna tentativa de se preencher buracos na alma.
Mas esse é o conceito profundo, a
definição poética da busca. Superficialmente, que é sempre o que se vê á
primeira vista, a busca era apenas por um lugar agradável, com cheiro de arte,
cachaça e cigarro, sorrisos conhecidos e um papo que não penetrasse na área
impenetrável do cérebro e do coração, enfim, a idéia era apenas passar o tempo.
Mas o passar do tempo traz vida, vive-se o tempo que passamos e viver é
surpreendente porque um dia qualquer, passado ao lado das pessoas de sempre,
fazendo o habitual, de repente se transforma em poesia.
Nesse dia a poesia passou, como um
sopro, e deixou naquelas almas uma beleza inteira. A poesia foi colocada nos
copos e as almas beberam cada gota. A poesia era um sofá velho, um gato de rua,
um banheiro decorado com cartões postais. As almas agora não tinham mais
buracos. As almas se misturaram, preencheram mutuamente os vazios. Nada mais era
vazio, a busca, aquela que só o âmago mais profundo das almas é capaz de
buscar, havia terminado.
By Lua
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