Ontem no texto “Individualização
do pensamento”, eu mencionei o quanto a
vida é ilusória, e que isso se deve ao fato de não possuirmos nem a percepção
de nós mesmos já que cada um de nós é a projeção do que os outros pensam a
nosso respeito, o que nos leva à conclusão que, se cada um nos vê de uma forma,
se a opinião sobre nós varia de pessoa para pessoa, de grupo social para grupo
social, é perda de tempo ficarmos tentando agradar gregos e troianos. Devemos
nos agradar e, talvez, às vezes, dependendo das circunstâncias, àqueles a quem
amamos.
Seguindo por essa linha
de raciocínio chego á conclusão, também, de que não existe essa de caminho
traçado previamente. Uma pessoa que entra na sua vida de forma inesperada, um
sentimento que aflora sem que você queira, um despertador que não toca, uma
titubeada antes de tomar uma decisão..pode mudar totalmente o rumo da sua vida.
Pensando nisso
lembrei-me de um filme alemão que assisti, chamado Corra, Lola, Corra (Lola rennt,
1998) dirigido por Tom Tykwer, e estrelado por Franka Potente.
Não é um filme muito
tradicional, foge do clássico, contando três vezes a mesma história, cada uma
com um final. É um puta roteiro que brinca com o acaso, mostrando como pequenas
mudanças podem ocasionar uma mudança total no final da história.
Na história, Lola, uma
filhinha de papai, namora um coletor de uma quadrilha de foras-da-lei, Manni, que estava sendo testado pelo bando e para
isso, carregava 100.000 marcos. Mas Manni perde o dinheiro no trem, entra em
desespero e liga para sua namorada que tem 20 minutos para recuperar o valor
perdido. E aí que começa a corrida de Lola, contra o tempo, para salvar a vida
do namorado.
A história é essa, nada
mais, contada três vezes mas a forma como elas são contadas, entrelaçadas, é
que transforma o filme em uma obra de arte e leva ao pensamento inicial: e se
eu tivesse feito isso? E se eu não tivesse feito aquilo? O objetivo do filme é
justamente mostrar como as decisões tomadas nesse instante, afetam o segundo
seguinte.
Depois que assisiti esse filme
passei a imaginar como seria o mundo que conhecemos se os Judeus tivessem
conseguido sufocar o crescimento do cristianismo? E se Hitler tivesse vencido a
Guerra, matado todos os judeus e mundo e implantado a idéia de raça superior? Primeiro
os judeus seriam exterminados, depois os negros, os orientais.. e o que seria
de nós sulamericanos, vira-latas da humanidade?
Bom, se o Cristianismo não
tivesse adquirido a força que tem, talvez Hitler não tivesse nem tido a idéia
de exterminar os judeus que, talvez, nem fossem uma minoria.
Antes que me crucifiquem, não
estou aqui dizendo que a culpa do extermínio dos judeus é do Cristianismo.
Falando em crucificação, não consigo entender porque as pessoas adoram a cruz,
pregam na parede, usam no pescoço. Ela foi um instrumento de tortura. Por acaso
se Jesus tivesse sido morto à chibatadas, adoraríamos o chicote e o
sado-masoquismo seria algo sagrado?
Também não quero ficar aqui
discutindo religiosidade. Meu objetivo é só dizer que é um filme alternativo muito
bom, que deve ser visto mais de uma vez para que possa ser totalmente
aproveitado.
Corra, Lola, Corra ganhou alguns prêmios
internacionais, como o de Melhor Filme Estrangeiro pelo Independent Spirit Awards. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio
Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Ganhou o prêmio da
audiência, no Sundance Film Festival. Teve um orçamento de US$ 2 milhões e
arrecadou US$ 14 milhões apenas na Alemanha. Nos EUA estreou em míseras 5
salas, embolsou US$ 100 mil na semana de estréia, 02 semanas depois
ultrapassava US$ 1 milhão.
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