quarta-feira, 23 de maio de 2012

Filme da vez - Lola Rennt, 1998 (Por Lua)


Ontem no texto “Individualização do pensamento”,  eu mencionei o quanto a vida é ilusória, e que isso se deve ao fato de não possuirmos nem a percepção de nós mesmos já que cada um de nós é a projeção do que os outros pensam a nosso respeito, o que nos leva à conclusão que, se cada um nos vê de uma forma, se a opinião sobre nós varia de pessoa para pessoa, de grupo social para grupo social, é perda de tempo ficarmos tentando agradar gregos e troianos. Devemos nos agradar e, talvez, às vezes, dependendo das circunstâncias, àqueles a quem amamos.

Seguindo por essa linha de raciocínio chego á conclusão, também, de que não existe essa de caminho traçado previamente. Uma pessoa que entra na sua vida de forma inesperada, um sentimento que aflora sem que você queira, um despertador que não toca, uma titubeada antes de tomar uma decisão..pode mudar totalmente o rumo da sua vida.

Pensando nisso lembrei-me de um filme alemão que assisti, chamado Corra, Lola, Corra (Lola rennt, 1998) dirigido por Tom Tykwer, e estrelado por Franka Potente.


Não é um filme muito tradicional, foge do clássico, contando três vezes a mesma história, cada uma com um final. É um puta roteiro que brinca com o acaso, mostrando como pequenas mudanças podem ocasionar uma mudança total no final da história.

Na história, Lola, uma filhinha de papai, namora um coletor de uma quadrilha de foras-da-lei, Manni,  que estava sendo testado pelo bando e para isso, carregava 100.000 marcos. Mas Manni perde o dinheiro no trem, entra em desespero e liga para sua namorada que tem 20 minutos para recuperar o valor perdido. E aí que começa a corrida de Lola, contra o tempo, para salvar a vida do namorado.

A história é essa, nada mais, contada três vezes mas a forma como elas são contadas, entrelaçadas, é que transforma o filme em uma obra de arte e leva ao pensamento inicial: e se eu tivesse feito isso? E se eu não tivesse feito aquilo? O objetivo do filme é justamente mostrar como as decisões tomadas nesse instante, afetam o segundo seguinte.

Depois que assisiti esse filme passei a imaginar como seria o mundo que conhecemos se os Judeus tivessem conseguido sufocar o crescimento do cristianismo? E se Hitler tivesse vencido a Guerra, matado todos os judeus e mundo e implantado a idéia de raça superior? Primeiro os judeus seriam exterminados, depois os negros, os orientais.. e o que seria de nós sulamericanos, vira-latas da humanidade?

Bom, se o Cristianismo não tivesse adquirido a força que tem, talvez Hitler não tivesse nem tido a idéia de exterminar os judeus que, talvez, nem fossem uma minoria.

Antes que me crucifiquem, não estou aqui dizendo que a culpa do extermínio dos judeus é do Cristianismo. Falando em crucificação, não consigo entender porque as pessoas adoram a cruz, pregam na parede, usam no pescoço. Ela foi um instrumento de tortura. Por acaso se Jesus tivesse sido morto à chibatadas, adoraríamos o chicote e o sado-masoquismo seria algo sagrado?

Também não quero ficar aqui discutindo religiosidade. Meu objetivo é só dizer que é um filme alternativo muito bom, que deve ser visto mais de uma vez para que possa ser totalmente aproveitado.

Corra, Lola, Corra ganhou alguns prêmios internacionais, como o de Melhor Filme Estrangeiro pelo Independent Spirit Awards. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Ganhou o prêmio da audiência, no Sundance Film Festival. Teve um orçamento de US$ 2 milhões e arrecadou US$ 14 milhões apenas na Alemanha. Nos EUA estreou em míseras 5 salas, embolsou US$ 100 mil na semana de estréia, 02 semanas depois ultrapassava US$ 1 milhão.






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