Ontem eu fui ao inferno em busca
de aventuras
O som estava alto do jeito que eu
gosto
O cheiro era morno, a cerveja era
quente
Risadas histéricas, uma loira
gelada
Dançando lindamente
O inferno acolhe em seus braços
Bancando o indulgente
As almas enfermas, de olhar
embebido
Em água e sódio
Que carregam o triste sorriso do
incoerente
E celebram para abortar o ódio
O inferno te envolve em um enredo
Te lambe sem segredo
Com sua língua bifurcada e
repelente
Enquanto a vida, obediente
Segue o curso que seguiria se
você não tivesse o medo
De viver e de ser gente.
Tudo o que você ama e preza
O inferno ignora
O vendedor do ingresso te despreza
Quem você amava, morreu
A bússula que te norteava
Agora só aponta para baixo
As crianças cresceram e não
carregam nada seu.
Você agora é um morto-vivo
Que passa os dias olhando sua
vida estagnada
Através de uma janela trincada
pelo calor
Você não sente nada.
A música fica alta demais quando
você quer descansar.
Aline Lua
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