Dia Internacional do Homem: lucidez antropológica.

O Dia internacional da Mulher, celebrado dia 8 de março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho além de ser um movimento contra a entrada da Rússia na primeira Guerra Mundial. Idéias  revolucionárias, pacifistas, que mudaram conceitos, valores...mudaram o mundo.  Ao redor do mundo as mulheres lutaram, e ainda lutam, contra hábitos seculares, violências de todos os tipos, submissão imposta, a coisificação da mulher.

No Brasil, a década de setenta  foi um marco para o movimento das mulheres. O movimento feminista lutou pela redemocratização do país e pela melhoria nas condições de vida e de trabalho da população brasileira. Na década de 80 esse movimento se ampliou, adentrou aprtidos políticos, sindicatos, associações comunitárias. Conseguimos o reconhecimento da especificidade da condição feminina, fazendo com o o Estado acolhesse propostas  do movimento na Constituição Federal e na elaboração de políticas públicas voltadas para o enfretamento e superação das privações, discriminações e opressões vivenciadas pelas mulheres.

Nos dias de hoje,  ganhamos presentinhos do chefe, chocolatinhos nos semáforos, rosas nos restaurantes... mas somos obrigadas a ouvir: Por que não tem o dia do homem??

Bom, para o governo de vocês, homens, o dia do Homem existe sim e é celebrado no dia 19 de novembro, desde 1999 e tem como objetivo principal melhorar a sáude do homem, melhorar a relação e promover a igualdade entre gêneros, além de destacar papéis positivos de homens. Nessa ocasião os homens devems e reunir para combater o sexismo e, ao mesmo, tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, na família e no casamento e na criação dos filhos.

Enquanto o Dia das Mulheres foi motivado pelos anos de sofrimento impostos às mulheres, pelas lutas, mortes, sacrifícios, o Dia Internacional do Homem foi criado por pura invejinha. PUTAQUISPARIU NÉ?? Quem é que consegue imaginar um monte de homens felizes porque irão passar o dia, o seu dia, reunidos, ouvindo palestras intermináveis que visam melhorar a relação entre os gêneros e pontuar o papel dos homens dentro da família, do casamento e da criação dos filhos?? Dos homens que eu conheço acho que nenhum iria até porque provavelmente eles já teriam marcado um churrasquinho para o mesmo horário das palestras. Os poucos homens que estariam presentes, além dos palestrantes que estariam recebendo dinheiro para isso e dos políticos oportunistas, seriam aqueles que foram pela promessa da aparição da mulher que fez a última capa da Playboy  e da cerveja liberada, outros nem precisariam da promessa da presença da modelo,  bastando ter cerveja liberada e, como não costumo deixar as minorias de fora, outros iriam apenas para ver se não encontrava algum outro homem, másculo e bonitão e..cerveja. Nenhum dos homens que eu conheço iria pela simples vontade de combater o sexismo.

É importante deixar claro que eu não sou feminista e sim, antropologicamente lúcida. Enquanto os homens, discutem o porquê deles não terem um dia só pra eles e, depois de descobrirem que esse dia existe, discutem o óbvio, ou seja, que deve haver uma boa relação entre os gêneros, que o homem é pai e portanto TEM OBRIGAÇÃO de ajudar na criação dos filhos, e que é importante que, no mínimo,cuide de sua própria saúde , nós, MULHERES continuamos lutando...

·         Por saúde pública integral, para não morrermos mais em decorrência dos abortos clandestinos.

·         Pelo direito à maternidade, por creches públicas, gratuitas e de qualidade.

·         Pelo direito à moradia

·         Contra a violência machista, que nos mata, nos machuca, nos desmoraliza.

Feliz Dia das Mulheres companheiras feministas, revolucionárias, temos que nos manter unidas,  participar de manifestações, honrar as mulheres do passado que lutaram e morreram por nós!! Mas só posso ir depois de servir o jantar pro meu amorzinho, na quarta não tenho ninguém para deixar as crianças, na  quinta-feira meu amor vai ter um compromisso e não vai poder ir comigo e ele não vai querer que eu vá sozinha.. No fim das contas nós mulheres queremos, sim, dignidade, respeito, nosso lugar no contexto social... mas não passamos de um bando de mulherzinhas. (Só que mulherzinhas independentenzinhas financeiramente, mulherzinhas, profissionaizinhas qualificadas, mulherzinhas cientes dos seus direitos sociais, políticos, ecônomicos, mulherzinhas com voz ativa diante da sociedade, ainda que uma voz doce e meiga).