A luta pela
liberdade me aprisiona e não me cabe escolher um lado, não cabe a mim, dar
opinião. Tenho que lutar por um ideal que não é o meu. A paisagem bucólica é minha prisão. Pastos,
cavalos e eu, em erupção. Uma bebida, um trago, um beijo. Nada disso é pra mim.
As risadas noturnas, a música, a dança, a alegria, nada está ao meu
alcance. Sento-me, uniformizada, mecanizada, armada, desalmada. Braços
cruzados, pose blasé. Concordo, mas digo não, porque não me cabe concordar, ou discordar. Amar
não é pra mim, e agora não sou gente, meu copo está vazio, meu corpo não sente
frio, não sente dor. Meu corpo está presente, servindo e protegendo, só não sei
quem. O que me alivia é a minha mente. Essa ninguém aprisiona. Estou fixa, tentando
parecer atenta, alerta. Minha roupa disfarça bem, mas a minha mente se
manifesta, queima pneus, grita, bebe, canta. Minha mente se diverte enquanto eu
apenas olho. Aguardo o momento em que a mente, já bêbada, se unirá ao corpo
sedento. Uma bebida, um trago, um beijo...
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