Ser mulher não é fácil, nunca foi. A própria história da
humanidade nos dá provas disso, já que durante muito, e põe muito nisso, tempo
ela foi escrita sob a ótica masculina, refletindo apenas a figura do homem como
sujeito universal. E a mulher? Onde ela estava durante esse tempo todo?
A mulher estava dentro
de casa, com um lenço no cabelo engordurado, cuidando do lar, dos
filhos, do marido...ocupada demais para perceber que a História estava sendo
escrita.
Somente nas últimas décadas, a partir dos anos 60, é que começa
a haver uma definição da história da mulher, mas para chegar a isso, putz...as
mulheres tiveram que ser muito macho. E aí vem mortes, greves, revoluções,
sutiãs queimados, muita violência. Até hoje, mesmo com todos os avanços, as
mulheres ainda sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada
excessiva de trabalho e desvantagens na
carreira profissional.
E aí agora eu pego toda essa bagagem e me reporto á minha
vida: 30 e poucos anos, mulher, mãe, divorciada, funcionária pública, dona de
casa e adolescente nas (poucas) horas vagas. Essa minha última ocupação, a de
adolescente, se deve ao fato de eu ter passado dos 30 anos e não ter me dado
conta disso. Continuo gostando de rock, de sair, dançar, falar besteira,
encontrar as amigas. No caso sou uma adolescente de 18 anos já que não abro mão
da minha cervejinha e de poder dirigir meu carrinho por aí. E para ser políticamente
e policiamente correta: LÓGICAMENTE não
ao mesmo tempo. ÓBVIO!!!
É muito louco ser tudo isso. Uma balzaquiana!! Aliás
poucas mulheres leram Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos, ou seja,
quando as mulheres estavam lá ocupadas em ser ninguém na História. Mas ele diz
coisas bem motivadoras, olha só:
“Uma
mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas
ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e
acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância
incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher
de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode
satisfazer”.
Cara, a mulher de 30
é demais!! Ela pode ser encontrada descabelada levando o filho de manhã para o
colégio e no mesmo dia estar linda, pronta pra dançar e rir com as amigas
madrugada adentro. A mulher de 30 tem planos, metas, não precisa de um homem do
lado, embora ter um possa ser muito bom, ou péssimo também.
A mulher de 30 ainda
não fez plástica, mora sozinha, cuida dos filhos, ama quem quer, quando quer. Termina
um relacionamento e não acha que vai morrer. Sabe que a vida continua. Gosta de
janelas abertas, incenso, cavalo, trilha, cachoeira, música, livros, gastronomia,
filosofia, rock, vodka, tequila, cerveja, San Remy, macacos, fotografia,
pintura, bordado, crochê, arte expressionista, quadros surrealistas, poesia,
piadas infames, desenho animado, tatuagem...
A mulher de 30 sou
eu (embora tenha 30 e tals)!!
Enfim, hoje me dei
conta disso, que já passei dos 30, que tenho mais uns 30 anos pela frente
(espero), e que posso fazer desses próximos 30 anos o que eu quiser. E o que eu
quero é ser feliz, deixa eu brincar com a Thaís...Vou continuar beijando minhas
garrafas por aí, até que uma delas se torne um príncipe aí eu começo tuuuudoo
de novo, afinal eu estou viva e tenho mais de 30. E é isso, nada mais que
isso...