quinta-feira, 19 de abril de 2012

A mulher de 30 e tals (Por Lua)



Ser mulher não é fácil, nunca foi. A própria história da humanidade nos dá provas disso, já que durante muito, e põe muito nisso, tempo ela foi escrita sob a ótica masculina, refletindo apenas a figura do homem como sujeito universal. E a mulher? Onde ela estava durante esse tempo todo?

A mulher estava dentro  de casa, com um lenço no cabelo engordurado, cuidando do lar, dos filhos, do marido...ocupada demais para perceber que a História estava sendo escrita.

Somente nas últimas décadas, a partir dos anos 60, é que começa a haver uma definição da história da mulher, mas para chegar a isso, putz...as mulheres tiveram que ser muito macho. E aí vem mortes, greves, revoluções, sutiãs queimados, muita violência. Até hoje, mesmo com todos os avanços, as mulheres ainda sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho  e desvantagens na carreira profissional.


E aí agora eu pego toda essa bagagem e me reporto á minha vida: 30 e poucos anos, mulher, mãe, divorciada, funcionária pública, dona de casa e adolescente nas (poucas) horas vagas. Essa minha última ocupação, a de adolescente, se deve ao fato de eu ter passado dos 30 anos e não ter me dado conta disso. Continuo gostando de rock, de sair, dançar, falar besteira, encontrar as amigas. No caso sou uma adolescente de 18 anos já que não abro mão da minha cervejinha e de poder dirigir meu carrinho por aí. E para ser políticamente e policiamente correta:  LÓGICAMENTE não ao mesmo tempo. ÓBVIO!!!

É muito louco ser tudo isso. Uma balzaquiana!! Aliás poucas mulheres leram Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos, ou seja, quando as mulheres estavam lá ocupadas em ser ninguém na História. Mas ele diz coisas bem motivadoras, olha só:

 Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.

Cara, a mulher de 30 é demais!! Ela pode ser encontrada descabelada levando o filho de manhã para o colégio e no mesmo dia estar linda, pronta pra dançar e rir com as amigas madrugada adentro. A mulher de 30 tem planos, metas, não precisa de um homem do lado, embora ter um possa ser muito bom, ou péssimo também.

A mulher de 30 ainda não fez plástica, mora sozinha, cuida dos filhos, ama quem quer, quando quer. Termina um relacionamento e não acha que vai morrer. Sabe que a vida continua. Gosta de janelas abertas, incenso, cavalo, trilha, cachoeira, música, livros, gastronomia, filosofia, rock, vodka, tequila, cerveja, San Remy, macacos, fotografia, pintura, bordado, crochê, arte expressionista, quadros surrealistas, poesia, piadas infames, desenho animado, tatuagem...

A mulher de 30 sou eu (embora tenha 30 e tals)!!

Enfim, hoje me dei conta disso, que já passei dos 30, que tenho mais uns 30 anos pela frente (espero), e que posso fazer desses próximos 30 anos o que eu quiser. E o que eu quero é ser feliz, deixa eu brincar com a Thaís...Vou continuar beijando minhas garrafas por aí, até que uma delas se torne um príncipe aí eu começo tuuuudoo de novo, afinal eu estou viva e tenho mais de 30. E é isso, nada mais que isso...


segunda-feira, 16 de abril de 2012

O poder de um palavrão (Por LUA)



Sou Samba, Rock ´n Roll e Blues. Sou Flamenguista, carioca, mãe, filha, irmã, amiga, funcionária pública, escritora nas horas vagas,  tatuada, amante da música, aprendiz de artesã, leitora contumaz, esboço de poetiza... Como o Zé Ramalho, converso com os meus botões quando estou maluca. Como hoje estou com uma roupa sem botões vou ter que conversar com vocês, leitores do Blog.

Eu estava lendo um artigo do Millôr  Fernandes sobre os benefícios do palavrão que, segundo ele, são recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. Abaixo está um trecho do texto para que vocês entendam meu ponto de vista:


"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não''! E tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade ''Não, absolutamente não!'' O substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porranenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.


E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".



Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do ''foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.". Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".


O direito ao ''foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE.




É nesse ponto que eu queria chegar. Talvez eu nem precisasse escrever texto nenhum. Hoje eu não quero ser poeta, não quero procurar músicas no youtube que traduzem meu estado de espírito..hoje eu só preciso de um bom e libertador  FODA-SE!!
É isso, tem momentos que nada mais resolve.

Repita comigo e você se sentirá bem melhor: FODA-SE!!!!


Enquanto pagodeiros, sertanejos, funkeiros e afins cantam sobre FODA-ME, eu que sou sou Rock ´n Roll, (e hoje não quero ser Blues), canto sobre FODA-SE!!!


Tudo que eu preciso hoje é uma, ou duas, cervejinhas e poder gritar bem alto FODA-SE!!!!
Em tempo:  esse FODA-SE não é direcionado para ninguém em especial. É apenas a libertação do meu espírito!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Dalí (por LUA)


                       Dalí





Levitando no Deserto a Rosa meditativa

Contempla, como Gala, o mar que não existe

Tentando tornar invisíveis as manchas da alma

Desenhadas a carvão.



O inconsciente freudiano assassina  a razão

Alimentando com abstração o Cão Andaluz

Saciando sua sede com desejos líquidos

Nega-se a carregar a cruz da ingenuidade cínica



Lábios de madeira e cetim salvam a vida onírica

Ironicamente pessimista

Das formigas que, no outono, se tornam canibais



Borboletas ancoradas ao cais

Absurdas e ilógicas

 Ingenuamente se opondo ao equilíbrio

Estranha imagem persiste na memória

Gerando vida da contradição

Carrega no peito o céu da Glória

Irritando com genialidade

Os juízes atirados ao chão



                                                                                                                               Aline Lua

terça-feira, 10 de abril de 2012

Big Bang (por Lua)


                              Big Bang





Provocada pelo filho do vento

Disforme e rejeitado

 A partir da erupção quente e densa

Do vulcão dantesco

A expansão dos meus dissabores

Arranca minha pele

Dilacera minha carne

Deixa expostos meus temores.





Com a alma em carne morta, eu existo

Nascida da explosão vazia

Que ecoa num grito expressionista

Da arte demente de Munch

E percorre, tortuoso, o papel

Misturando  letras  com lágrimas

De água e óleo na pedra calcária

Imprimindo meu pesar

Em recitativa ária





De uma diestesia evoco o grande Shaman

Que cala todos os sinos para que eu vire poeta

Transformando em arte a minha agonia

Porque o Big Bang da Alma é a poesia



                                                                                                                                                               Aline Lua

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sinusite, Raul Seixas e um check-up geral da situação (Por Thaís Azenha)



Andei pensando ultimamente como reagem as bactérias, vírus e todos esses microscópicos seres em Alpha. É que andei afastada por uns dias metida em assuntos terráqueos por demais cansativos. Ás vezes é bom visitar a Terra. Mas só ás vezes! (que fique bem claro...rsrs).
Então, hoje, feriado, acordei com uma sinusite e desconfio que seja alphiana. 

Em 1908, o químico sueco Svante Arrhenius já afirmava em sua teoria, que esporos de bactérias teriam chegado à Terra semeando o planeta de vida,  conhecida como panspermia. A teoria foi ampliada mais tarde pelo astrônomo britânico Fred Hoyle e por seu colega Chandra Wickramasingue. Ambos lançaram uma tese que mistura a panspermia com a teoria da evolução, de Charles Darwin (1809-1882). Segundo  Cheryl Nickerson, professora-associada do Centro de Doenças Infecciosas e Vacinologia da Universidade do Estado do Arizona (Estados Unidos),  "Onde quer que os seres humanos vão, os microrganismos vão junto -- não dá para esterilizar seres humanos. Onde quer que formos, para o fundo do mar ou em órbita da Terra, os micróbios vão nos seguir, e é importante entendermos que modificações eles vão sofrer". Ela baseou sua afirmativa no estudo em que os cientistas queriam ver como a viagem espacial afeta os microrganismos, e por isso decidiram mandar alguns junto com o Atlantis, cuidadosamente embalados. O resultado é que camundongos que ingeriram os patógenos espaciais corriam risco três vezes maior de ficar doentes e morriam mais rápido do que roedores os quais receberam os microrganismos que nunca deixaram a Terra.



Aff...por isso me sinto tão mal!! A verdade é que se nós gostamos tanto de Alpha, e nos sentimos tão bem estando lá, porque esses "bichinhos" se comportariam diferente, não é mesmo?!
Mas em mim nem as bactérias são gram negativas.


E como uma boa descendente de Alpha jamais deixaria que uma sinusite de patógenos loucos e fortes me derrubasse. Resolvi ser mais rápida que elas e dar um Check-up geral na situação. 

B-é de Melo, vocalista da banda Check-up


E tem gente que não acredita que o Universo pode conspirar a nosso favor.....o fato é que hoje tem a Banda Check-up (cover do Raul Seixas) em um de nossos buracos de minhoca mais queridos: Garagem Forte Cultural, e quem melhor que o Carpinteiro do Universo para me ajudar a combater as super bactérias alphianas?



É isso mesmo, nada melhor que um Check-up para quem está convalescente!
Depois conto como foram os exames.