Apesar dos pesares tenho orgulho em dizer
que sou carioca e, obviamente, flamenguista. Esse chute na trave foi apenas uma metáfora da vida.
Muitas vezes quando nos vemos na cara do gol, chutamos na trave, sofremos um
pênalti...adoro metáforas do futebol que são utilizadas e incorporadas até no
vocabulário de quem não gosta de futebol: pisar na bola, jogar contra, tirar o
time de campo, encher a bola...
A essência da metáfora é compreender e
viver a experiência de uma coisa em termos de outra na qual já possuímos tal
compreensão e experiência. Então, a metáfora consiste em dois domínios: o domínio-fonte e o domínio
alvo, sendo o primeiro mais físico e o segundo mais abstrato. Como exemplo
posso citar a metáfora conceitual MORTE É SONO, em que a MORTE é o domínio-alvo
e SONO é o domínio-fonte. Conhecemos a experiência do SONO e a utilizamos para
compreender e experienciar a MORTE.
A metáfora surge da interação entre mente,
corpo e mundo. Desse modo, a cultura em que estamos inseridos influencia
diretamente no significado e até mesmo no surgimento de uma nova metáfora
conceitual.
Aristóteles foi o primeiro a estudar a metáfora
e afirmava que: a metaphorá tinha um pé em cada campo. Aristóteles se referia á filosofia, literatura... sem saber que num futuro distante os pés em questão seriam os de Deivid.
O mais bonito da metáfora é que ela não existe em nenhum
dicionário, apenas no discurso. A atribuição metafórica revela melhor que
qualquer emprego da linguagem o que é uma fala viva. O futebol é aberto à interpretações. O juiz
não vê tudo, o público não vê tudo, os jogadores não vêem tudo, mas todos tem a
pretensão de ver. O futebol não tem lógica, tem lógicas, inclusive a do acaso e
a do paradoxo.
É na lógica do acaso que Devid virou poeta, chutando na
trave as frustrações, as bolas na trave (metaforicamente falando) de todo
aquele povo que pagou às custas de seu parco ordenado, o ingresso para esse
sarau poético; de todo aquele povo que
comprou em mil prestações uma televisão que de arte, só passa mesmo futebol. Em seu malfadado gol ele deu vida ao sentimento que une uma nação. A dor pelo gol perdido, o nadar e morrer na praia que assombra nossa existência. Isso para os flamenguistas e para os demais ele traduziu com maestria a máxima: No dos outros é refresco!
Obrigada Deivid por ajudar a eternizar o futebol arte, que
eu já julgava morto. Só queria pedir uma
coisa:
VÁ
METAFORIZAR EM OUTRO TIME PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!