segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deivid, um poeta! (por LUA)


Apesar dos pesares tenho orgulho em dizer que sou carioca e, obviamente, flamenguista. Esse chute na trave foi apenas uma metáfora da vida. Muitas vezes quando nos vemos na cara do gol, chutamos na trave, sofremos um pênalti...adoro metáforas do futebol que são utilizadas e incorporadas até no vocabulário de quem não gosta de futebol: pisar na bola, jogar contra, tirar o time de campo, encher a bola...


O que o Devid fez, portanto, não pode ser julgado de forma leviana. Ele foi literal ao jogar o famoso futebol arte. Utilizou-se de uma das figuras de linguagens mais belas, associando o  sentido verdadeiro de seu ato à realidade de tantos brasileiros que vêem seus sonhos dilacerados quando estão prestes à concluí-los.

A essência da metáfora é compreender e viver a experiência de uma coisa em termos de outra na qual já possuímos tal compreensão e experiência. Então, a metáfora consiste  em dois domínios: o domínio-fonte e o domínio alvo, sendo o primeiro mais físico e o segundo mais abstrato. Como exemplo posso citar a metáfora conceitual MORTE É SONO, em que a MORTE é o domínio-alvo e SONO é o domínio-fonte. Conhecemos a experiência do SONO e a utilizamos para compreender e experienciar a MORTE.

A metáfora surge da interação entre mente, corpo e mundo. Desse modo, a cultura em que estamos inseridos influencia diretamente no significado e até mesmo no surgimento de uma nova metáfora conceitual.

Aristóteles foi o primeiro a estudar a metáfora e afirmava que: a metaphorá tinha um pé em cada campo.  Aristóteles se referia á filosofia, literatura... sem saber que num futuro distante os pés em questão seriam os de Deivid.

O mais bonito da metáfora é que ela não existe em nenhum dicionário, apenas no discurso. A atribuição metafórica revela melhor que qualquer emprego da linguagem o que é uma fala viva.  O futebol é aberto à interpretações. O juiz não vê tudo, o público não vê tudo, os jogadores não vêem tudo, mas todos tem a pretensão de ver. O futebol não tem lógica, tem lógicas, inclusive a do acaso e a do paradoxo.

É na lógica do acaso que Devid virou poeta, chutando na trave as frustrações, as bolas na trave (metaforicamente falando) de todo aquele povo que pagou às custas de seu parco ordenado, o ingresso para esse sarau  poético; de todo aquele povo que comprou em mil prestações uma televisão que de arte, só passa mesmo  futebol. Em seu malfadado gol ele deu vida ao sentimento que une uma nação. A dor pelo gol perdido, o nadar e morrer na praia que assombra nossa existência. Isso para os flamenguistas e para os demais ele traduziu com maestria a máxima: No dos outros é refresco!



Obrigada Deivid por ajudar a eternizar o futebol arte, que eu já julgava morto.  Só queria pedir uma coisa:


           VÁ METAFORIZAR EM OUTRO TIME PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


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