Luiza tentando se equilibrar (Por Thaís Azenha)
Tento compor uma história fingindo não ser a minha própria. Temo que esse amor imaginário descubra meus textos e se decubra neles. A verdade pode ser uma dor insuportável.
- Hoje você vai dormir lá em casa, já tem dias que me promete!
Quase uma ordem a ser acatada, calada, sentida. Mas vou continuar a me enganar que escrevo para outrém. É minha sanidade que preocupa agora. Sem você, estava á beira do abismo, com você, já me sinto caindo. Não há uma maneira mais correta e sadia de permanecer no sistema.
- Já disse que não posso. Tenho compromissos amanhã.
Uma risada leve que se esforça para esconder o real motivo. Aquele de não ter motivo nenhum. Medo talvez. Mas sem entender sou melhor. Medo desse olhar paralizante que ele me lança sempre após um beijo. Como esquivar-me dessa vez?
- Nada disso, Luiza, já estamos combinados, oras!
Não consigo me conter, imagino nós dois lançados ao amor a noite toda sem medo de ser destruída pelo acaso.
- Direto pra casa então?
Ele me passa o braço sobre o ombro, tentando não perder a atenção no trânsito, e com áquele sorriso de lado que entrega seu pensamento : venci de novo!
A verdade também pode ser libertadora!
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