sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

De saco cheio! (Por Thaís Azenha)






Depois a gente é intransigente, difícil, maluca, 
bipolar, mal humorada, bem humorada demais, 
tímida, extrovertida em excesso, bêbada, 
confusa, sóbria em demasia, centrada demais, 
tripolar, chata, gente boa, mas nunca o suficiente.
Falo demais e ás vezes bebo demais, 
amo demais, sinto demais.
E faço várias outras coisas em excesso. 
Isso! Sou excessivamente ser humana!
Mas nunca soube esperar muito por nada.
Nem por ninguém. 
Estou aqui hoje, 
amanhã estarei ocupada.
Espero por respostas imediatas
que nunca me serão dadas.
Crio deuses e formas para conseguir 
adaptar-me ao mundo. 
Graduada em ser eu mesma.
Cansada de sobremesas que 
escondem o sabor do fel.
Sou a própria colméia apedrejada.
Não sei ser só metade.
Ou me tens inteira,
ou deixe a abelha
e dê espaço pra quem queira.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Reflexões de fim de ano, ser feliz e o resto pro inferno.(Por Lua)


Segunda-feira chuvosa, eu no trabalho escutando um CD antigo que eu nem sabia que tinha. Se chama Encomium, e é um tributo ao Led Zeppelin. Blind melon, Never the Bride, Stone Temple Pilots, Robert Plant e Tori Amos, Big Head Todd and the Monsters, e até Duran Duran, muito bom. Percebo que tem uns colegas de nariz meio torcido, mas nem me importo porque me lembro de quantas vezes fui obrigada a escutar merdas sem fim e fingir que não estava me incomodando quando na verdade eu sentia que meu cérebro estava sendo revolvido dentro de uma betoneira.A internet não está funcionando. Sem internet fico sem ter como trabalhar então, inevitavelmente, meu cérebro começa a divagar.

Nada melhor que a combinação de rock com ociosidade para provocar uma auto-análise automática, algo comum e necessário no fim do ano. Poderia fazer aquelas listas de resoluções bem clichês, mas eu perderia essa lista antes do fim do ano, além disso, o primeiro item dessa lista teria que ser: lembrar de ler a lista durante o ano. Além do mais o que almejo nesse próximo ano é algo que deve estar guardado no coração e não em um pedaço de papel. Pretendo ser feliz, continuar no mesmo emprego, continuar amando o mesmo homem, que esse homem continue me amando, ser uma boa mãe, uma filha mais presente e uma irmã mais conectada à internet para falar mais com o irmão que está do outro lado do mundo, com o qual falo pouco por preguiça de abrir o e-mail. Quero continuar tomando minha cervejinha, ouvindo boa música, pulando nas cachoeiras, levando os filhotes para fazer piquenique no parque, talvez conhecer a Dinamarca para tomar cerveja de água de iceberg ou a Áustria para nadar na piscina de cerveja gelada (o que provavelmente não acontecerá nesse ano).

Enfim, o que parei mesmo para pensar foi sobre minha vida até esse momento. Os erros que cometi, pessoas que afastei, problemas que eu mesma causei... Estava seguindo essa linha de raciocínio depressivo de fim de ano quando pensei: quer saber? Porra nenhuma. O lance é ser feliz. Aí o interessante foi perceber que os problemas que causei foram solucionados, ou estão em vias de ser porque não há mal que dure para sempre. As pessoas das quais me afastei não me fazem falta alguma, não que não tenham tido sua importância, mas tudo tem seu tempo de ser, a vida vai se adequando, se encaixando e as pessoas que ficam para trás já não tem mais espaço na nossa vida, simplesmente porque outras tomaram seu lugar. Devo ter sido importante na vida de alguém também, o que na verdade não faz a menor diferença na minha vida agora. Percebi que tenho muitos problemas, mas percebi também que isso não é uma exclusividade minha, todos têm. A vida deve ser assim mesmo, uma sucessão de problemas para serem resolvidos com pequenos intervalos que servem para nos deixar respirar e achar que daqui pra frente tudo vai ser diferente (ando meio no clima do Reveillon). Vi que sonhos se destroem para abrir espaço para construção de outros. Pessoas saem de nossas vidas para dar espaço para outras entrarem. Vi que os erros que cometi foram importantes para me tornarem quem eu sou hoje. Aconteceram muitas coisas boas na minha vida, mas aprendi mesmo foi com as ruins. Aprendi sobre sentimentos; aprendi a ouvir mais; aprendi que amor deve ser cultivado todos os dias; aprendi que não sei nada sobre a vida, e que ninguém sabe, pois ela é dinâmica, se transforma a cada instante e é  exatamente nisso que consiste  a graça de viver: no desconhecido com o qual nos deparamos todos os dias, nas incógnitas que devemos desvendar, nas superações pelas quais temos que passar, e passamos, tanto é que estamos aí, vivos.  Aprendi que às vezes podemos e devemos fingir que problemas não existem mas que não devemos fazer isso o tempo todo porque como diz o Arnaldo Antunes: debaixo d água tudo fica mais bonito, mais azul, mais colorido, MAS TEMOS QUE RESPIRAR, TODO DIA.
 

Então, quer saber de uma coisa, me deixa ser quem eu sou, escutar Beatles, Led Zeppelin, Mutantes e Los Hermanos, independente de você gostar ou não. Me deixa mudar de opinião quantas vezes eu quiser, pensar que só existe gente legal no mundo, confiar em quem acabo de conhecer, e se isso não se faz não me lembro de ter pedido sua opinião. Me deixa rir do que não tem graça, tomar banho de chuva, cantar em inglês errado. Me deixa gostar do silêncio e querer rock na altura máxima, me deixa reclamar do que eu não tenho e do que eu tenho também, me deixa não reclamar de nada. Me deixa sair da dieta por causa de um chocolate, colocar adoçante na caipiroska, chorar quando ganho uma caixa de doces argentinos quem lembram meu pai, mudar meus planos, ficar em casa num dia de sol e querer sair num dia de chuva, beber Cantina da Serra em taça de cristal. Me deixa fingir que não estou ouvindo o telefone tocar, chorar escondido e sorrir pra todo mundo achar que estou feliz. Me deixa ser sensível, sentir demais e ninguém fazer idéia disso, me deixa sair de chinelo, usar chapéu porque não quero pentear o cabelo, morar na lua,  falar palavrão, conversar sozinho, não fazer as unhas, me vestir como se eu fosse pra uma festa e ir só no barzinho da esquina encontrar uma amiga, pensar que sei tocar flauta, passar chapinha no cabelo para ir na padaria. Me deixa acreditar em fadas e duendes, me arrepender das besteiras que ainda vou fazer, achar que beijos curam, gostar mais dos loucos, ter amigos bobos, assistir desenho animado, conversar horas sobre questões freudianas e dogmáticas e depois mudar de assunto e discutir sobre o jutsu da sombra do Shikamaru, ou sobre qual dos ninjas do Naruto eu me identifico mais. Deixa-me ser eu mesma, ou qualquer outra pessoa que eu queira ser e seja você, ou o Bozo, ou quem você quiser sem se importar com mais nada, porque quando a vida acabar você será muitos, um para cada pessoa pela qual você passou. Para uns será gente boa, para outros um otário, alguns te acharão uma pessoa responsável, outros a personificação da irresponsabilidade. Alguns pensarão que você aproveitou bem a vida, outros pensarão que a desperdiçou  e por aí vai. Seja quem você quiser e se renove sempre que achar necessário ou tiver vontade, ou não se renove se não tiver vontade, porque tem gente que zela por uma determinada imagem a vida inteira e no fim essa imagem apenas se desfaz, se dissolve nas palavras alheias, nas lembranças que vão se apagando e aí você já não está mais vivo, a imagem que você tentou deixar simplesmente nunca existiu, porque cada pessoa tem sua própria percepção de si e dos outros. Nessa tentativa de criar uma imagem que você nunca criará, porque você não comanda o cérebro dos outros e não há como agradar a todas as pessoas, nem desagradar a todas também, você não viveu plenamente, não viveu todas as possibilidades, não experimentou todos os sentimentos, as sensações, não se libertou, não entendeu que o corpo aprisiona a alma, mas a mente é a chave para libertá-la.

Então como diz o filósofo Sid (a preguiça da ERA DO GELO), o importante é viver e procurar um arco-íris em cada canto, ser feliz. E QUE TUDO MAIS VÁ PRO INFERNO!!!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Utilidade Pública: A Cerveja, a Moral e os Bons Costumes (Por LUA)


Em minha última postagem (http://www.cervejasetal.blogspot.com.br/2012/11/utilidade-publica-cervejas-em.html) mencionei uma cerveja incrível, praticamente encantada,  feita com água sem poluente algum, congelada há mais de dois mil anos atrás. Na ocasião conversei com algumas amigas e decidimos partir, mala e cuia, rumo à Dinamarca, onde já foram consumidos mais de 70 mil litros desse líquido precioso.

Ingenuidade da nossa parte, Dinamarca é para amadores, o lance agora é ir para Austría. Lá tem um delicioso apfestrudel e bichinhos bonitinhos como texugo, cabra da montanha, a garça real púrpura e, o que eu achei mais legal, camurça, que é um capríneo e não apenas um tecido bonitinho pra fazer bolsas, casacos e sapatos.
 
Essa é a camurça:
 
 

Além de tudo isso, a Austría é o berço de caras bem inteligentes, como Mozart, Strauss, Freud e Kafka. Mas inteligente mesmo é um austríaco maluco, que deixou esses caras todos no chinelo quando inaugurou um hotel chamado Starkenber Beer Myth.

Tenho certeza que, mesmo que você não fale nada em inglês, entendeu a palavrinha do meio, e é isso mesmo que você está pensando. Trata-se um resort austríaco, em torno do castelo medieval de Starkenberger na região do Tirol da Áustria que oferece aos hóspedes a oportunidade de nadar em uma piscina com 42.000 litros de cerveja GELADA.


Se estávamos achando que íamos nos dar bem na Dinamarca porque lá a população já consumiu mais de 70 mil litros de cerveja, mesmo que seja uma cerveja toda cheia de frescura, imagine agora você, sozinho (ou muito bem acompanhado) dentro de uma piscina com 42 mil litros de cerveja. Não quero saber se tem ouro, renda ou lantejoula na cerveja, eu quero mesmo é beber. Beber, nadar e ainda limpar a pele, cicatrizar feridas e combater várias doenças. Bom, pelo menos é o que está na propagando no tal Resort. Independente de sairmos ou não de lá com a pele limpinha, sairemos bêbados, com certeza. São sete piscinas com 42 mil cada uma, somando 294 mil litros de cerveja.

Nessas piscinas você paga cerca de 135 euros (aproximadamente R$ 343,00) e pode “nadar” por duas horas. Aí vem o proprietário e me diz, na cara-de-pau, a ponto de levar uma voadora na cara, que a cada sessão dessas de duas horas, a cerveja da piscina é trocada. Veja bem, o dia tem 24 horas. Se a piscina funcionar  apenas 12 horas por dia, pra jogar baixo, são 6 sessões vezes 7 piscinas.

6 sessões de 42.000 litros cada uma = 252.000 litros

252.000 litros x 7 piscinas – 1.764.000 litros de cerveja desperdiçados.

Vou escrever por extenso para dar um toque dramático: Um milhão, setecentos e sessenta e quatro mil litros de cerveja desperdiçados por dia. Nem vou multiplicar por 365 dias pra não morrer de ataque cardíaco agora mesmo.

Desde pequena, aluna de colégio católico que fui, aprendi que desperdício é pecado. Não sou muito chegada nesse lance de pecado (curto apenas a luxúria, a preguiça e a gula) então digo: NÃO AO DESPERDÍCIO.
 
 

Lembram-se que no texto sobre a tal cerveja de Ice Berg eu defendia a natureza, falava do aquecimento global e tudo? Mesma coisa agora. Só que em vez de defender a natureza vamos defender  os padrões de conduta da nossa sociedade, dita civilizada, desenvolvidos com o intuito de podermos viver com um mínimo de civilidade (que merda é essa?). Então em nome desses padrões, constituídos pela moral e bons costumes, bora lá, rumo à Austría, dar um basta nesse desperdício. Alguém tem que beber a cerveja desprezada e eu, altruísta que sou, gosto de me sacrificar em prol de causas nobres. Me sacrifico em nome da moral e dos bons costumes!!

E você aí? Vai ver isso tudo e ficar de braços cruzados? Um milhão e caralhada de litros de cerveja é demais até pra mim, ajuda aí!!! Simbora pra Austría!!

 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Utilidade Pública: Cervejas em extinção!(Por LUA)


Sempre gostei desse papo natureba, de meio ambiente, plantinhas, bichinhos e tal. Adoro uma cachoeira, fazer uma trilha, me encanto com um pôr do sol. Sobre a Lua então nem preciso dizer. Um passarinho cantando, uma borboleta azul, arco-íris, casa de João-de-barro, tudo isso me encanta. Não jogo lixo no chão, quem já entrou no meu carro que o diga. Guardo o óleo em garrafas P.E.T e levo para o local apropriado (uma gota de óleo jogado displiscentemente na pia pode contaminar até mil litros de água). Valorizo a reciclagem. Acho importante essa conscientização e me orgulho de dizer que muitos dos meus amigos seguem essa mesma tendência. É claro que sempre tem aqueles rebeldes que não se importam, mas agora tenho certeza que conseguirei ganhar adeptos para a causa ambiental.

Esqueçam os ursos polares, as tartarugas marinhas, as araras azuis, onças pintadas, o pica-pau da cara amarela, a baleia da Groelândia. Esqueçam a Amazônia e o Cerrado que podem desaparecer até o final desde Século, esqueçam essa porra toda e se concentrem no que realmente importa.
 

Todo mundo fala sobre o aquecimento global, que é o aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra. A maior parte do aumento dessa temperatura foi causada pelas concentrações crescentes de gases do efeito estufa, como resultado das idiotices humanas como a queima de combustíveis fósseis e a desflorestação. Esse calor desesperador que vínhamos sentindo aqui no Planalto Central só não era maior por causa de outra idiotice humana, que causou o aumento de aerossóis atmosféricos que bloquearam parte da radiação solar causando o escurecimento global, mascarando, assim, os efeitos do aquecimento global.

O Aquecimento Global tem e terá efeitos não só no meio ambiente como na saúde humana e na economia, mas o que faz tremer de medo é saber que a minha preciosa cerveja está ameaçada pelo Aquecimento Global, que a partir deste momento passe a ser um vilão mais temível que Lord Valdemort, pior que a Bruxa Má do Oeste.

O Instituto de Água e Pesquisa Meteorológica Neozelandês divulgou um relatório que aponta que grande parte dos cultivos de cevada na Oceania será destruída. Além disso a revista New Scientist revelou que o aquecimento da Terra está reduzindo a quantidade de ácido alpha no “saaz”, que é uma variedade delicada de lúpulo usada na produção das cervejas pilsen e lager. Os especialistas garantem, ainda, que apesar de o estudo ter sido feito com esse tipo específico de lúpulo, outras espécies também estão ameaçadas.

Desde que li esse artigo passei a ter pesadelos onde eu andava de bar e bar e não tinha nada para beber, e ficavam vários zumbis loucos por um último gole andando pra lá e pra cá, sem rumo, sem sono, sem dinheiro, sem cerveja. Algo como o que vemos na Praça da CNF altas horas da madrugada, depois que o Paulinho resolve fechar o bar. Acordo desses pesadelos sentindo dor de cabeça, náusea, sede, são mesmo terríveis, embora eu tenha uma certa esconfiança que esses sintomas tenham alguma relação qualquer com a noite anterior.

Bêbados de todo o mundo, uni-vos em prol da proteção ao meio-ambiente para não ficarmos como zumbis sedentos. Como imaginar nossos filhos e netos vivendo em um mundo sem cerveja?

Mas enquanto isso, só pra não perder a diversão, podemos beber a maravilhosa CERVEJA DO AQUECIMENTO GLOBAL. É isso mesmo, A microcervejaria The Greenland Brewhouse, localizada a apenas seiscentos quilômetros do círculo polar ártico, é de fato a primeira a faturar com o derretimento das calotas polares. Eles estão usando icebergs derretidos para fazer a cerveja mais pura do mundo, com a água que foi congelada há mais de 2 mil anos, sem poluentes. A Dinamarca já consumiu mais de 70 mil litros desse manjar dos deuses. (Pela primeira vez cogitei a idéia de ir conhecer a Dinamarca)
 

Antes que ambientalistas mais radicais gritem, a página da empresa na internet diz logo: “Estamos absolutamente conscientes do aquecimento global e é muito importante que não destruamos o gelo único dentro da Groelândia, mas apenas utilizemos o gelo que já se soltou”.

Então é isso. Sentindo-me ecologicamente correta, pergunto: quem vai entrar na vaquinha pra gente importar essa iguaria?
 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Enfim ( Por Thaís Azenha)




Não sou como as outras
nem diferente assim
Talvez  menos tola
Mas nem tanto por fim

A carne e o osso
presentes em mim
É que causa alvoroço
ao viver sem sentir

Mas a vida renova
ás vezes diz sim
não há quem reprova
se eu ganho no fim

E amor desconexo
daqueles assim,
Tem o sonho perverso
toma conta de ti.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Insônia, o meu ópio (Thais Azenha)





Não consigo pensar nem dormir
Se eu conseguir respirar
talvez eu possa existir

Não existem coisas com
arrependimento
poucos ais e lamentos
só me culpo
pelas noites
que não durmo

As amarguras não se curam com sonhos
As aventuras não se contentam com contos

Sou mais real que isso
o pleno improviso

de alguém que existe
sem limites.

Nas noites sem você e meu ócio
a insônia será sempre meu ópio




Luiza está apaixonada? ( Por Thaís Azenha)




Nada a esconder. Já não tenho segredos. Provavelmente nunca tentei tê-los. Transformação e depressão são minha inspiração. Pelo menos tirarei algo de bom. Nisso sou perita. Mas a mudança veio fulminante, me faz pensar se tudo que disse ou senti antes realmente existiu. Fantasias meras de menina. Menina que não consigo deixar de ser. Mesmo quando há um batalhão disposto a tentar me corromper. Nem mudei tanto assim. Provavelmente só encontrei um pedaço de mim. Aquele taco necessário a minha sobrevivência. O amor não te engana. Você engana o amor. Quando acha que ama. Mas pode ser pega de surpresa com uma presença inusitada. Que seja! Luiza está apaixonada?


Nada combinado (Por Thaís)





E a noite findou-se
um filme erótico
pessoas neuróticas
e você como soube?

E fui sempre assim
de um jeito pior
mas deixei de ser só
tomar conta de mim

Tenho uma amiga Ariany
que eu chamo três vezes
aparece e some
ao chamar o seu nome

Amigos fiéis,
que contam  histórias
ficarão na memória
de verdades e papéis

E a vida é uma dança
a gente só roda
que puxa e implora
esperando mudança

O destino é um tratado
e agora acredita
separa e medita
as pessoas
que caminham ao meu lado.





quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Inferno Astral (Por Thaís Azenha)



Hoje eu acordei menos dogmática, perdendo algumas táticas. Sinto-me excomungada, reanimada. Mas tento não ser dramática. A gravidade não pode esquecer de colocar meus pés no chão. Sei que há um plano a seguir, mas hoje não, por hoje não. Todos os dedos que apontavam um caminho quebraram junto aos gestos. Bebidas e fragilidade sobraram. Aqui estou, deitada na cama entre restos, censurada como uma dor hepática, sem moldes para me encaixar.
Nem todas as librianas são "sem lar", é que hoje acordei mais lunática, e menos didática.








terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Relógio Óbvio (Por Thais Azenha)





No compasso do relógio
No espasmo de um soluço
Oscilando entre amor e ódio
Vacilando, como um rio erra seu curso.

Com um sarcasmo simples e óbvio
Escrava de um marasmo confuso
Tornando o seu corpo meu ópio
E entregando o meu a seu uso.

No som o mesmo tom melódico 
Sussurrando segredos escusos
Imersa nesse amor paródico
Torcendo pra não cair em desuso.







segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Palíndromo (Por Rubião)





Eteli guia satélite, Etileta saiu gilete.

Palíndromo do Chico (Indicado por Rubião)





Chico Buarque de Hollanda, o nosso Chico, realmente é um personagem à parte no cenário da Música Popular Brasileira. Sempre brincalhão é até difícil imaginá-lo tenso ou nervoso com alguma situação, mesmo que isso aconteça com todo mundo.

Pois bem, em julho de 1986, Chico morava na Itália e produzia um espetáculo da Bethânia. Aproveitando isso, o lendário Jornal Pasquim o convidou para ser seu correspondente internacional, o que foi prontamente aceito. Porém, justamente naquele período de stress pré-estréia, Chico foi incumbido de escrever alguma coisa para o primeiro número do Pasquim paulista. Ele refutou a idéia a priori, mas ofereceu uma inusitada solução. Leia o diálogo com Jaguar, que era o editor do tablóide à época, e descubra.

Por: rsq

(Chico)- “Minha agenda estourou. Tô enlouquecido, ensaiando o show com Bethânia para o dia 2 em Paris.”

(Jaguar)- “Pô, Chico, tremenda sacanagem nos deixar na mão!”

(Chico)- “Fazer matéria nem pensar, mas se vocês quiserem um palíndromo…”

(Palíndromo, como talvez só o Houaiss saiba, é uma frase que significa literalmente o mesmo, seja lida de cá pra lá, como de lá pra cá, da direita para a esquerda.)

(Chico)- “Levei 5 horas fazendo, insônia. É pegar ou largar.”

(Jaguar)- “Peguei. O Palíndromo do Chico: ´Até Reagan Sibarita Tira Bisnaga Ereta´”.

Diálogo retirado do Pasquim número XVIII
Data: 13 a 10 de julho de 1986

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Nuctemeron (por Lua)



 
Nuctemeron revela as 12 horas

Desabrochando a Centelha Cósmica

Que desenvolve a consciência límpida

Do ser que vive em pecado.

Demônios ingênuos assistem serenos

Sem qualquer estranheza

O entrelaçar das serpentes de fogo

Que harmoniza a ira da natureza

 

Abrindo a tríplice goela, Cérbero canta com tristeza

Fazendo coro com a voz as águas

Acendendo nos quatro cantos do círculo

Lâmpadas mágicas que anunciam o encantamento

 

O espírito imóvel e aguerrido

 Observa os monstros infernais

O diálogo celeste grita o número não revelado

Que precede a chave do zodíaco.

 

Sol e flor de almas síncronas

Para que os homens puros comandem o fogo

Que realiza as obras da eterna Luz

Que ilumina meu âmago onipotente

Pra você eu digo sim (Por Thaís Azenha)





E laços foram enfim desfeitos para que outros fossem refeitos. Dessa vez um nó mais apertado. 
Agora me encontro mais nua. Transparente. Parece que voltei a ser eu. Já não me reconhecia mais. Senti saudades de sentir. Senti saudades de mim mesma. E depois de ser assim tão alguém que não eu, sinto sua falta. Vontade de deter os dias. Deter a passagem das horas. Prolongar desejos. Estive confusa e ausente. Mas voltei renovada. A velocidade surreal com que fui arrebatada me assusta. Mas é um medo bom, que não me detém. Viver tem seus dissabores, mas também é saboroso. Tudo bem então, eu topo.

Good Old Hank (Indicado por Thaís Azenha)






"Peguei minha garrafa e fui pro meu quarto. Fiquei só de cueca e deitei na cama. Nada estava em sintonia, nunca. As pessoas vão se agarrando às cegas a tudo que existe: comunismo, comida natural, zen, surf, balé, hipnotismo, encontros grupais, orgias, ciclismo, ervas, catolicismo, halterofilismo, viagens, retiros, vegetarianismo, Índia, pintura, literatura, escultura, música, carros, mochila, ioga, cópula, jogo, bebida, andar por aí, iogurte congelado, Beethoven, Bach, Buda, Cristo, heroína, suco de cenoura, suicídio, roupas feitas à mão, vôos a jato, Nova York, e aí tudo se evapora, se rompe em pedaços. As pessoas têm de achar o que fazer enquanto esperam a morte. Acho legal ter uma escolha.Eu tinha feito a minha escolha. Ergui a garrafa de vodca e dei um vasto gole. Alguma coisa aqueles russos sabiam."

(BUKOWSKI, Charles. Mulheres. Porto Alegre: L&PM Pocket. pg. 191)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ode à Sexta-feira (por Lua)

 
 
 
 
 
 
Há quatro horas da liberdade do corpo, a mente já percorre vales de fogo.
A fotografia é fria mas a verdade transpira implorando um gole da garrafa vazia.
Uma cerveja e uma pinga, são a chave que abre a algema.
Uma volta de carro, depois um cigarro e aí tudo bem.
O balcão e o banquinho, esse sim é o caminho que busquei a semana inteira esperando a sexta-feira.
Espero o momento perfeito do sol encontrando a lua
 promovendo o encontro dos amigos de sempre que percorrem a estrada do zodíaco para brindar e respirar o ar seco e empoeirado de Brasília, do Cerrado, até a lua encontrar o sol.
A liberdade gelada do fim de semana me chama, aos gritos, aos berros, mas ainda estou presa em um sistema f
alho, de paisagem bucólica e ares de retidão.
 Mas quando quebrarem-se os grilhões,as estrelas se apagam e a luz do seu isqueiro é a única que eu vou ver.
Passo a semana inteira esperando a liberdade e a minha liberdade é me prender à você.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Partiu ( Por Thaís Azenha)




Partiu em metades distintas,
Sentiu a verdade não dita,
Dormiu e esqueceu da visita,
Pediu mas não acredita.

Partiu e foi para a esquina,
Nem viu que o amor o confina,
Sorriu esperando a menina,
Mentiu e selou sua sina.

Partiu e ficou sem carícias,
Traiu e perdeu a conquista,
Caiu na própria armadilha,
Fugiu do que não entendia.

Partiu com palavras sucintas,
Provou ser menor do que pinta,
Manchou o seu nome de tinta,
Seguiu sem voltar para a esquina.


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Coma Alcoólico (Thais Azenha)




Seguir caminhos e destinos 
sem saber o que esperar,
fechar meus olhos e me esconder 
daquilo que quer me dominar.

Algo, sinto algo acontecendo.
Olhei atrás, olhei de frente,
dos dois lados,
em cima e embaixo,
não vi nada,
ou não entendo
o que estou vendo.
Senti o mal, me perdi
enlouqueci, me esqueci.

Quis dormir mas acordei.
Estive longe  do meu objetivo.
Tentei passar de lá pra cá,
mas no caminho me joguei,
eu não sei ser alguém.

Te compreendo, te esperei
Você não me atendeu,
Desci escadas para depois
com você subir,
Assustei ao notar
o que saía de mim.

Ela (Por Thaís Azenha)




Ela não quer saber 
do que os outros pensam a respeito dela,
do pouco que conseguiram ser.

Ela aceitou o que a vida lhe impôs e mostrou,
não tentou revidar,
deixou sua alma ao luar.

Ela não volta atrás,
confessou-me sorrindo um dia,
não pelo que disse em si,
mas pelo que fez e faz.

Pediu que eu a decifre, 
conte seus segredos,
lhe descreva,
Mas não sei se posso,
não estou bem,
pensando em você,
pensando em ninguém.

Mal estou conseguindo 
me manter em pé.
Promessas perdidas
uma vez não cumpridas.
Nem sei mais o que importa 
nessa vida.
Não quero entrar,
estou de saída.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pizza sem glútem (Indicação Thaís Azenha)


Pizza sem Glúten - Maizena
Jornal Zero Hora - RS



MASSA PARA PIZZA
500g de aipim (mandioca)
2 xícaras de maisena
2 colheres (chá) de açúcar
1 ovo
2 tabletes de fermento biológico fresco
2 colheres (sopa) de margarina culinária
1 colher (chá) de sal
molho de tomate
fubá para polvilhar
cobertura de preferência
queijo mussarela ralado

Modo de fazer:
1. Corte o aipim em pedaços, coloque em uma panela de pressão e cubra com água.
2. Tampe a panela e leve ao fogo médio por 15min contados a partir do início da pressão.
3. Retire do fogo, aguarde sair todo o vapor, abra a panela e verifique o cozimento.
4. Se necessário, cozinhe até o aipim ficar macio.
5. Escorra o aipim e amasse até formar um purê.
6. Deixe amornar.
7. Preaqueça o forno em temperatura média.
8. Em uma tigela grande, coloque o purê de aipim reservado, a maisena e o
açúcar.
9. Faça um buraco ao centro e coloque o ovo, o fermento em pedaços e a margarina culinária.
10. Misture bem até ficar homogênea.
11. Cubra e deixe descansar por 40min.
12. Divida a massa em 2 porções.
13. Enfarinhe uma superfície seca com fubá, coloque a massa e abra com auxílio de um rolo.
14. Coloque os discos de massa em formas para pizza.
15. Cubra com uma pequena porção de molho de tomate, deixando as bordas limpas.
16. Leve ao forno por 20mins para preassar.
17. Cubra com o molho de tomate e as coberturas desejadas.
18. Adicione a mussarela e leve ao folho para derreter o queijo.

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2012/06/receitas-sem-gluten-3806362.html

Pão de abóbora com chia (Indicado por Thaís Azenha)




A maior parte dos celíacos são intolerantes também á lactose ou á caseína presentes nos leites de animais.
Nas receitas com leite, este pode ser trocado por leite de coco ou de soja. Algumas receitas é possível usar água ou suco no lugar dos laticínios. Nos casos da necessidade de manteiga ou margarina é possível a substituição por óleos vegetais (canola, milho, etc), gordura vegetal, creme vegetal. 



Pão de Abóbora com Chia - sem glúten e sem lactose

Chef Carla Serrano
Foto: Carla Serrano

Ingredientes:
1 xícara (chá) de abóbora seca cozida no vapor e amassada (200g) pesar depois de cozida
5 colheres (sopa) de água (75ml)
1 ovo (60g)
1 clara (40g)
5 colheres (sopa) de azeite de oliva (75ml)
3 colheres (sopa) rasadas de açúcar refinado (30g)
1 colher (sobremesa) de sal (7g)
2 e 1/2 xícaras (chá) de farinha de arroz (250g)
1 xícara (chá) de polvilho doce (100g)
2 colheres (sopa) de chia (18g)
2 colheres (chá) de goma xantana (4g)
1/2 colher (sopa) de fermento biológico seco instantâneo (5g)
1 gema + 1 colher (chá) de azeite + 1 colher (chá) de água para pincelar

 
Preparo  em máquina de pão:
Na fôrma da máquina de pão, coloque os 7 primeiros ingredientes. Em uma tigela, junte a farinha de arroz, o polvilho, a chia, a goma xantana e o fermento, incorpore-os muito bem, despeje-os na fôrma e ligue a máquina de pão. Quando parar o batimento da massa pincele delicadamente a gema misturada com o azeite e a água sobre o pão. O meu pão foi assado em uma máquina que só processa fermentação única (um só amassamento no início). Foram 15 minutos de amassamento, 20 minutos de descanso e 40 minutos de cozimento. Desenforme morno e reserve sobre uma grade até esfriar. Corte em fatias, embale e guarde na geladeira. Para o dia seguinte, aqueça no micro-ondas por alguns segundos antes de consumir.

 
Para preparar no forno convencional: 

Junte todos os ingredientes secos em uma tigela e os ingredientes líquidos em outra junto com a abóbora em outra. Misture bem, despeje os secos sobre os líquidos e mexa até obter uma massa homogênea. Distribua em forminhas individuais untadas com óleo, pincele com a gema e deixe descansar por 45 minutos. Coloque no forno ainda frio, acenda-o e regule para 180oC. Asse por cerca de 45 minutos.

Dica:
É importante que todos os ingredientes estejam em temperatura ambiente.

http://www.chefcarlaserrano.com/2012/09/pao-de-abobora-com-chia-sem-gluten-e.html


Casa de Loucos (Por Lorena Azenha)




Por fora era uma casa normal,
Por dentro tinha um navio e um quintal.
Por fora havia árvores e jardim
mas isso é só um porém,
Pois por dentro tinha uma estação de trem.
Por fora dava para ver o rio,
Por dentro só andava-se de navio.
Por fora havia um gavião,
Por dentro pegava-se o avião.
Mas como dizem algumas pessoas:
"Cada louco com sua mania"
Essa casa é uma verdadeira casa de loucos
com esquizofrenia.


Poema inspirado no gibi Turma da mônica, história Casa de loucos, projeto literário realizado pela minha filha de 9 anos. Cabecinha de escritor....rsrsrsrs

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cabeça de escritor (por LUA)


Estava eu, almoçando e pensando: Escritor é o artista que expressa sua arte através da literatura. Lógico! Tem coisa mais lógica? Tem, porque arte não precisa de lógica. Eu mesma escrevo em uma lógica que é só minha. Minha lógica, lógico! Mas e os bulitas? Alguém dá alguma moral para os bulitas? Consideram arte o que eles fazem? Alguém sabe o que é um bulita? Bulita é o cara que escreve (leia-se, escritor) bulas. Já imaginou a dificuldade que é escrever uma bula? Você já leu uma bula? A bula inteira? Deve ser difícil pra caralho escrever uma bula, e ainda tem que caber aquele tanto de informações em um papel pequenininho, o cara tem que ser bom pra porra em resumir. E no fim das contas é a primeira coisa que eu jogo fora, antes mesmo de jogar a caixa fora, bem antes do remédio acabar... triste realidade a dos bulitas! Além de tudo, a profissão do cara ainda tem um nome ridículo.

E os escritores de prefácio? Quase todo mundo pula o prefácio, que coisa cruel. Eu me orgulho de dizer que sou uma leitora de prefácios, mas é uma profissão ingrata. Meus amigos músicos que o digam, profissão que não é reconhecida como profissão é só por amor mesmo. Até puta tem profissão, mas escritor não. -O que vc faz?      -Escrevo. – Meu filho de 6 anos também já escreve, o que é que vc faz pra viver? Algo assim...

Seguindo essa linha de raciocínio típica da Lua (essa quem vos fala/escreve) pensei em quanta volta minha cabeça dá pra que eu consiga escrever alguma coisa. Não sei bem se você se torna escritor porque sua cabeça dá voltas, ou sua cabeça começa a dar voltas depois que você se torna escritor. Se bem que as voltas que minha cabeça dá podem ter outras origens, mas gosto de cabeças que rodam, porém não das que rolam. Principalmente se a cabeça rolante for a minha.
 

Hoje minha cabeça quase rolou, ou talvez tenha rolado e eu ainda não saiba. O fato é que por causa da minha cabeça rolante minha cabeça rodou e aí saiu um texto frio, sarcástico e pessimista, digno do meu humor atual. Eu queria escrever isso:

 

Aquele filho da puta que eu gostava tanto me sacaneou e não quero mais saber de amizade com ele. Estou menstruada, com uma puta TPM, minha geladeira parou de funcionar e minha casa está uma bagunça, cheia de roupa para lavar e passar e uma estante quebrada que ainda não joguei fora.. Acordei cedo pra caralho pensando no que o babaca fez e tropecei na garrafa de cerveja que eu tinha tomado na noite anterior e batido a cinza do cigarro que fumei antes de dormir. A droga da garrafa quebrou e tive que catar os cacos. Minhas férias acabaram e tenho que voltar a trabalhar depois de um mês muito bom. Visto meu uniforme e  sigo pelo engarrafamento monstro de taguatinga. Meu emprego é tenso, vou ter que ficar lá a droga do dia inteiro, mas tenho meu dinheiro no fim do mês. Eu, com um puta sono, chego no trabalho, engulo o choro e trabalho fazer o que, né?. Acordei de péssimo humor.

 

Mas como tenho cabeça de escritor, rodopiante, o que saiu foi isso:

 

 Encontra-se morto aquele que era imortal. O sangue verte incessantemente por dias a fio Enquanto o gelo derrete molhando o chão de vidros estilhaçados e papéis enrolados. A roupa suja e amassada se multiplica em torno de pedaços de madeira que já não servem pra nada. Acordo no escuro procurando respostas para pergunta nenhuma e tudo que encontro são restos de cerveja quente misturada com cinza de cigarro. O mel cristalizado já não adoça mais a vida e me obriga a vestir a fantasia daquilo que nunca fui, mas sou, ainda que apenas superficialmente. Visto-a, então, e sigo pela selva da obstrução em direção à liberdade que me aprisiona diariamente e eu, meio que inconsciente, sufoco meus dramas, piso na grama e viro engrenagem. Acordei de péssimo humor”.

 

Entendeu ou não entendeu como funciona a cabeça de um escritor?

Um mau dia (Por Lua)


 

                      Encontra-se morto aquele que era imortal. O sangue verte incessantemente por dias a fio Enquanto o gelo derrete molhando o chão de vidros estilhaçados e papéis enrolados. A roupa suja e amassada se multiplica em torno de pedaços de madeira que já não servem pra nada. Acordo no escuro procurando respostas para pergunta nenhuma e tudo que encontro são restos de cerveja quente misturada com cinza de cigarro.  O mel cristalizado já não adoça mais a vida e me obriga a vestir a fantasia daquilo que nunca fui, mas sou, ainda que apenas superficialmente.  Visto-a, então, e sigo pela selva da obstrução em direção à liberdade que me aprisiona diariamente e eu, meio que inconsciente, sufoco meus dramas, piso na grama e viro engrenagem. Acordei de péssimo humor.