sábado, 30 de junho de 2012

Luiza: hora de se entregar! (Por Thaís Azenha)




Se você acha que amar não é fácil tente me amar então e verá o quão complicado pode se tornar.

- Falando sozinha de novo Luíza? Vou começar achar que não estás a bater bem da bola.....

E soltou aquele sorriso que iluminava seu rosto por inteiro e eu paralisada pensava o que estou a fazer com ele ou comigo mesma, logo eu que estou a fugir de relacionamentos há meses.

- Só um pensamento alto. Esses livros me deixam doida.

Meu sorrisinho sem graça foi arrebatado com o beijo longo e quente.
Mas ao término desse vulcão de paixão os pensamentos voltam a latejar.
Tudo está mudando, mas ele tem sido a verdade nessa confusão em que minha vida se tornou.

- Sua paciência me impressiona sabia? 

Os meus lábios ainda trêmulos de seu beijo.

- Nem venha tentar me convencer de não tentar Luiza, de novo não.

Na verdade nem uso argumentos sábios, no fundo não quero ser capaz de convencê-lo, mesmo sabendo que deveria. Meu amor já está infectado com o seu toque, e sei que todo dia é uma loucura. E mesmo sabendo que o amanhã será turbulento, preciso acreditar que ele não desistirá.

- É que preciso tornar-me uma mulhar melhor pra mim e pra você.

Continuo achando que ele está me salvando de mim mesma, e não sei se concordo com isso.
Só não me pergunte o porquê de o amar.

Você tem medo de quê? (Por Thaís Azenha)





Cosmopolitanas, incrivelmente menos de 1% de suas várias espécies vivem próximas ás habitações humanas. Hum hum, sei.

Enfim, são definitivamente a causa do meu medo aterrorizante. Temo-as desde que me reconheço por gente.

 Motivos? Inúmeros. Complexos e absurdos, confesso.

Sério, até olhar a foto delas me causa agonia, já sinto as suas patinhas malignas arrastando-se sobre a minha epiderme causando-me náuseas, arrepios e a súbita vontade de gritar e enfiar uma estaca em meu coração para fazer a sensação parar. E não pensem que isso é só drama feminino.

Parece que tudo está ao favor delas.

Já estão aqui há mais de 300 BILHÕES de anos: o que me torna uma intrusa em seu planeta.
Possuem mais de 5.000 espécies: eu tenho só uma e muito mal feita.
Conseguem viver uma semana sem beber água e até um mês sem comer: tudo bem que faço meus jejuns alcóolicos, mas nem tanto né??
Quando encontro-me com uma, ela sempre olha-me firmemente com o seu olhar ameaçador, esperando que eu desvie o olhar para que ela ataque repentinamente.

E tem mais, para cada barata encontrada devem haver mais mil escondidas de sua vista. Arrrr!!!!
Imagine quantas podem ter em um buraco de minhoca?

Na medicina popular existem vários relatos de algumas espécies, principalmente Blatta orientalis, em serem usadas para curar várias doenças, como por exemplo: alcoolismo, asma, bronquite, cólicas intestinais, dores de cabeça e ouvido, furúnculos, gripe, entre outras.

Alcoolismo?? rum!!! Eu sei como eu paro de beber com uma barata...coloca ela no meu copo e jamais tocarei nele!

Segundo o site ciencia.hsw.uol.com  na alimentação humana, para muitos povos orientais as baratas fazem parte de sua dieta, sendo comidas cruas ou cozidas. No Brasil, os índios Chocleng (Santa Catarina) apreciavam as baratas.

Agora acho vou vomitar mesmo. Só um minuto....

E como fugir desses seres asquerosos? A tarefa não é fácil.

As pessoas também odeiam baratas porque pode ser extremamente difícil acabar com elas. Uma razão é seu comportamento natural. Elas se reproduzem rapidamente e são difíceis de matar. Como elas são noturnas, muitas pessoas não percebem sua presença até que sejam tantas que acabaram sem lugares para se esconder. As baratas são particularmente boas para se esquivar e fugir de sapatos, jornais e outras armas, e várias espécies se tornaram resistentes aos inseticidas. E tem algo pior do que esmagá-las e ver aquela gosma branca saindo de dentro delas? Ou matar e descobrir que ela vai agonizar por horas e horas?

Eu ainda as definiria como Ninjas!!

Mas como amante do ecossistema, animais e tal, tenho que dar o direito de resposta, fala aí, se defende ser horripilante da natureza:

"Enquanto a Blatella germanica e algumas outras espécies são perturbadoras, a maioria das espécies de baratas geralmente cuida da própria vida. Muitas baratas vivem em áreas quentes e tropicais e se alimentam de madeira e folhas decompostas. Elas ajudam a decompor esses restos orgânicos. Durante o processo, elas adicionam nutrientes ao solo por meio de seus restos. Elas também são uma fonte de comida para pequenos répteis e mamíferos. Em outras palavras, apesar da reputação ruim, as baratas são uma parte importante de muitos ecossistemas. (www.ciencia.hsw.uol.com)"

Mas complemento que as baratas caseiras não têm nenhum papel na cadeia ecológica:
Não precisa ter dó de dar aquela chinelada: aqueles monstrengos que vez ou outra aparecem na sua casa para comer restos de comida e disseminar o pânico não têm nenhuma função nobre no equilíbrio da natureza – são só uma praga, e ainda carregam doenças. Mas as que vivem na natureza são importantes, já que contribuem para a reciclagem do material orgânico e servem de alimento para vários predadores


Durante esse papo verifiquei minhas pernas e cabelos umas mil vezes....rsrsrs.

Só de curiosidade, esse medo que sinto chama-se Catsaridafobia (medo de baratas)

Veja como são ninjas especializadas:

As baratas não dormem, mas sabem que é hora de se recolher quando percebem a claridade e só saem quando escurece. Dentro das casas, a hora de ficar quieta no seu canto é enquanto o homem está ativo, oferecendo mais riscos a ela. Então, se você tiver um infeliz encontro diurno com o bicho, fique atento. Baratas em atividade durante o dia indicam que a população está muito alta e não há esconderijos para todas.

Você que já tentou matá-las sabe: o bicho é rápido e tem um baita reflexo. Isso se deve em boa parte a dois pelinhos que a barata tem no traseiro, chamados cercis. Eles são capazes de perceber movimentos sutis do ar e lhe permitem obter informações sobre possíveis ameaças, como localização, tamanho e velocidade. Além disso, elas enxergam muito bem, mesmo quando não há luz, e seus ouvidos são capazes de detectar até os passos de outra barata.

Sabe aquela gosma branca nojenta que explode quando você esmaga a barata? Aquilo é gordura e contém as reservas de nutrientes que vão alimentar as células do inseto quando faltar comida. Ali também existem algumas dezenas de ovos, que podem vingar mesmo depois que a mãe morre. A capacidade de reprodução das baratas é incrível: em 150 dias de vida, uma única fêmea consegue botar cerca de 320 baratinhas no mundo.

Além de conseguir ficar até um mês sem se alimentar, o inseto ainda é capaz de sobreviver por vários dias sem a cabeça. É que suas principais estruturas vitais ficam espalhadas pelo abdômen e, nesses casos, um gânglio nervoso no tórax passa a coordenar os seus movimentos, permitindo que fujam das ameaças. Como seu corpo tem um revestimento de células sensíveis à luz, ela ainda pode localizar e correr para as sombras.

Para fugir delas, só correndo para as calotas polares:
Apenas 1% das mais de 4 mil espécies são caseiras. As outras vivem na natureza, e são tão danadas que conseguem viver em quase todos os ambientes naturais, de desertos a florestas tropicais. A sua grande barreira ecológica é o frio intenso, mas nem adianta fugir para a Noruega ou a Finlândia: elas aparecerão em versões minúsculas e vão querer se aquecer no quentinho da sua casa nórdica. A única solução é correr para as calotas polares.
(lista retirada do www.superinteressante.com.br)


Bom, pelo menos tenho uma opção, lá pelo menos a cerveja não esquenta.




terça-feira, 26 de junho de 2012

Festa do Fagner (Indicado Por Rubião)







Todo jogador de futebol é apaixonado pela bola e por uma boa pelada ou “baba”, como chamam na Bahia. Pelo menos aqui no Brasil. Mesmo quando estão de férias, poucos resistem a um convite para um encontro com os amigos, jogar uma bolinha e depois comer um churrasco. Algumas, então, não há como rejeitar. Foi o que aconteceu quando, certa vez, lá pelos longínquos anos oitenta, Raimundo Fagner resolveu fazer uma festa em Fortaleza para festejar a conquista de alguns discos de ouro que ele fizera por merecer. O evento deveria se realizar no Castelão – o maior estádio do Ceará – onde participaríamos de uma partida de futebol e ele receberia os seus prêmios. Raimundo convidou muitos amigos do meio artístico e do futebol. Estavam nessa Zico, Roberto Dinamite, Cláudio Adão, Reinaldo, Eder, Zé Ramalho, Fausto Nilo, Gonzaguinha e tantos outros que não me lembro mais.

O aquecimento para o jogo se deu na casa de Zé Ramalho e Amelinha – que nessa época estavam juntos. Eles moravam em uma linda residência no alto da Praia do Futuro com uma linda vista para o mar. Haviam preparado uma bela feijoada para receber todos os que iriam participar da festa. Lá pelas onze da manhã, o pessoal começou a chegar. Fomos recebidos com imensos sorrisos e muito carinho pelos anfitriões acompanhados por uma caipirinha ou um copo de cerveja bem gelada. Quando cheguei, o Fagner já estava por lá pilotando uma vitrola (que tempo bom!) com a fita de demonstração do seu mais novo disco, que deveria sair no início do ano seguinte. O homem parecia apaixonado pela nova música, pois ele não deixava ninguém dedilhar um violão e muito menos mudar o disco que tocava. Sem exagero, acho que nós tivemos que ouvir a mesma canção por umas três horas. Ainda bem que ela era muito bonita, se não uma pequena rebelião teria se instalado na mansão dos Ramalho.

O jogo de futebol estava marcado para se iniciar às quatro horas da tarde, mas já era quase isso e o almoço ainda não havia sido servido. Parecia que ninguém se lembrava da razão da nossa estada ali – também pudera, com a animação em que todos estavam eu já duvidava que a partida fosse acontecer.

Mas felizmente alguém com o que restou de consciência conseguiu carregar aquele povo todo para o estádio onde nos aguardavam cerca de 15 mil pessoas que tiveram a coragem de ir até ali acompanhar aquele jogo de final de ano. E o público, mesmo com todo o nosso atraso, estava tão eufórico que parecia que havia saído de uma noitada mais alegre que a nossa. Como nos vestiários o clima também continuava de festa, resolvi farrear de vez. Coloquei a camisa pelo avesso, um chapéu panamá na cabeça, entrei em campo junto da equipe adversária e, vejam só, calçado apenas com uma sandália dessas de tira. E fiquei assim o tempo todo. O jogo foi fantástico e algumas particularidades merecem ser citadas como, por exemplo, a verdadeira caçada de Eder ao goleiro adversário – um amigo cearense cujo apelido é Gordinho. Como o Gordinho usava brincos nas orelhas – algo raro naquele tempo – o maluco do Eder resolveu atazanar a vida dele e avisou que todo chute seu teria invariavelmente o objetivo de acertar um dos brincos. E foi o que fez com a colaboração da defesa adversária que a cada ameaça de chute por parte do Eder se retirava da frente só para ver o que aconteceria. Não foram poucas as vezes em que a bola explodiu no corpo do gordinho. O bicho saiu até tonto de tanta pancada.

Eu, do meu lado, joguei praticamente toda a partida de calcanhar. A cada toque que eu dava na bola a galera ia à loucura. Parecia uma catarse coletiva. Quando olhava para as arquibancadas, o que via era só alegria. Como foi gostoso poder proporcionar aqueles momentos de alegria para os que lá estavam. Ia fazendo aquela festa com o povão, quando o juiz – dos piores, com certeza – resolveu marcar um pênalti para o nosso time. Corri para a bola, agarrei-a e coloquei-a debaixo do braço. Aquela penalidade tinha que ser batida por mim. Coloquei a bola na marca de cal, esperei que todos saíssem da área e me posicionei para bater de costas; de calcanhar. Vocês não imaginam o furor com que o público reagiu àquele gesto – foi uma loucura. Demorei o máximo que pude enquanto a manifestação exterior aumentava cada vez mais e finalmente disparei o tiro. A bola saiu dos meus pés com tanta força que até me assustei e... explodiu contra a trave esquerda do Gordinho. Gente, que maravilha; nunca um pênalti perdido foi tão aplaudido. Só me restava gargalhar de felicidade.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Inexistente (Por Rubião)


Lendo o comentário da escritora Lua, do Blog Cervejas e Bugigangas, sobre o filme Corra, Lola, Corra, além da vontade de ver o filme, veio-me um insight exatamente sobre tais contextos. Sobre os rumos que pode seguir nossas vidas e sobre as possibilidades que estão ao nosso redor. E para reforçar essas perspectivas também li o texto Versões do Veríssimo, postado na coluna Indicação do mesmo blog.



Penso, observando a história da humanidade, em todas as batalhas e calamidades que dizimaram milhões de vidas e, entre essas vidas, quantos poetas, escritores e músicos se foram? E, com isso, quantas músicas deixaram de serem compostas? Poemas e livros deixaram de serem escritos?



Se Janis Joplin, Jim Hendrix e Jim Morrison tivessem passado dos 27 anos, quais músicas teriam sido compostas ou interpretadas por eles? O que estariam fazendo? Jim Morrison provavelmente teria se tornado evangélico, arrecadando grossas verbas para a Igreja Universalve-se Quem Puder.



Se Luiz Gonzaga nunca tivesse encontrado com Humberto Teixeira, nunca ouviríamos a clássica canção Asa Branca. Se Tom Jobim não tivesse encontrado com Vinícius de Moraes, nunca iria rolar a canção Garota de Ipanema e nem a Bossa Nova. Se bem que, entre esses últimos, o encontro seria mesmo inevitável, pelo tanto que eles freqüentavam os mesmos botecos em Ipanema. Porém, caso algum deles fosse averso à bebida, o encontro talvez nunca teria rolado e aí adeus Garota de Ipanema e adeus à Bossa Nova. Desse modo, se do fato de não acontecerem simples encontros entre duas pessoas já se pode ocorre o aborto de grandes obras, ainda mais quando as trajetórias de grandes artistas são interrompidas por qualquer fatalidade.



Grandes bandas que nunca chegaram a se formar por motivo de alguma rixa entre seus integrantes. Se fossemos colonizados pelos espanhóis, será que hoje estaríamos ouvindo Tango ou Flamenco Universitário? Qual poema escreveria o poeta que nunca aprendeu a escrever? O que estaria fazendo Chico Science se não tivesse rolado aquele fatídico acidente em fevereiro de 97?



Essas são perguntas sem respostas. São distorções de uma realidade que nunca existirá. Aliás, nunca li comentário de nenhuma blogueira e nem sei o que é blog. Nunca tive internet, não sei o significado da palavra “perspectiva”, também nunca ouvi falar em Jim Morrison e nem mesmo me lembro desse tal Luiz Gonzaga. Morri de fome com dois anos de idade em Aracati, Ceará, em 62. Nunca aprendi a ler ou a escrever. E esse texto também nunca existiu.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Construindo uma música - Parte 2 (Por Rubião)


Canoa Quebrada, ainda que linda, se diferencia muito de Jericoacoara, pois já é bastante asfaltada e seus bares e restaurantes se aglutinam na broadway, rua onde não transitam veículos. No entanto, a característica mais marcante da vila é a presença, em suas praias, de falésias de areia avermelhada onde inúmeros artistas aproveitam dessa estrutura para esculpirem diversas obras de arte, sendo que a mais recorrente é a lua e a estrela, símbolo da vila.



Em Canoa, pensando em ficar poucos dias, me hospedei inicialmente numa pousada um pouco mais requintada, com piscina e tudo mais. Saio para conhecer a noite da vila e me encosto num balcão do Bar Todo Mundo, onde só rolava rock’n’roll gringo, ou gringo e rock’n’roll, não importando a ordem. Tudo normal. Fico sabendo de um som ao vivo num bar chamado Wallayê e então saio a procurar.



Nessa altura do meu passeio e com a experiência de Jeri, eu já saia da pousada com o pandeiro a tiracolo para evitar esforço em caso de alguma surpresa etílico-musical. Procuro pela vila e, então, acho o tal Wallayê numa via lateral à Broadway. Lá estava tocando um tal de Juracy Montenegro, o Jura de Canoa, figurassa que, de calção e chinelo, mandava muito bem na voz e no violão, com um jeito próprio de interpretar as músicas, com risadas, dançadinhas e comentários introduzidos entre as frases que deixava todo mundo ligado em sua apresentação.



Fico no balcão e peço um mojito, drinque parecido com a nossa caipirinha, porém com a presença de hortelã. Percebo uma galera bastante animada entre as mesas, eram dois italianos que falavam bem o português e umas garotas que notei serem brasileiras. Todos estavam muito animados e eu gostei muito do lugar. O proprietário também era um italiano, o Stefano. Assim, segue a noite com o Jura levando muitos sons do Tim Maia, Jorge Benjor, Gilberto Gil e de outros da melhor safra da música brasileira. Peço a conta, quando percebo que o Jura, no intervalo de sua apresentação, aproxima-se do balcão e nota a presença do pandeiro em meu franco e já vai se apresentando. Trocamos umas idéias e ele me diz que no outro dia iria rolar uma feijoada para convidados e que também iria rolar uns batuques e tal e que, se eu quisesse, era só aparecer. Respondi: “na hora meu caro”.



O engraçado era que, durante essa viagem, nas noites eu carregava o pandeiro em seu estojo e de dia, esse mesmo estojo servia pra carregar protetor solar – e haja protetor – walkman, óculos escuros, livro e otchas coisitchas mais que iam comigo para as praias e para as caminhadas. No domingo pela manhã, então, resolvo fazer uma caminhada mais longa pelas praias de Canoa. Minha intenção era ir até Marjolândia, uma vila que fica a uns cinco ou sete quilômetros de Canoa. Saio por volta das 9 horas e sigo a caminhada com o mar de um lado e falésias de outros, alguns bugues com turistas em passeios, areias e condomínios de um lado, corais e o mar de outro. Mar de um lado e dou outro umas esculturas sinistras nas Falésias. Só vendo.



O Suor já descia bastante quando avisto a praia de Marjolândia, que, por sinal, estava muito cheia. Era domingo e a galera estava de folga. Notei que a praia era freqüentada apenas pelos nativos. Muita farofa, mas achei o lugar interessante. Havia até uns “Salva-vidas” cada um mais malhado do que o outro, para não dizer o contrário. Vide foto.



Tomo umas cervejas com preço, é claro, bem mais em conta do que Canoa e resolvo voltar para não perder a tal feijoada do Jura. Venho caminhado próximo às quebras das ondas, molhando os pés quando, de repente, na batida da onda na areia eu escuto o som de uma linha de contrabaixo. Eu não estava ouvindo nada no momento. Meu walkman estava desligado. Fico com aquele som na cabeça e, com medo de acabar esquecendo aquela harmonia, solfejo aquilo que ouvi aproveitando do walkman para gravar o lance. Chego na pousada eufórico e esculto a gravação para ver se saiu direitinho. Havia gravado na fita cassete, encima dumas músicas que curtia muito, mas não importava, estava sentido que dali poderia sair algo legal.



Chego no Wallayê. Feijoada rolando e eu morrendo de fome. Tudo certo. Peço meu prato e me sento a uma mesa sozinho. Quando o Jura me avista e, dizendo “ôh do pandeiro”, pede para vir sentar com ele e sua galera. Noto que o pessoal era aquele mesmo da noite anterior, ou seja, os italianos e as meninas brasileiras que havia comentado. Então, o pessoal me adianta que não iria mais rolar o samba, pois uma galera não pode ir e também pintou um compromisso de última hora para o Jura e ele teria que se ausentar. Não gostei da notícia, mas o papo na mesa tava muito bom. Os italianos falavam português direitinho e, além do mais, eram muito engraçados e a Carlinha, a Paola, a Marjorie e a Kinkinha enchiam o ambiente de beleza, boa prosa e simpatia.Os italianos eram o Carlo e o Gianne, sendo que esse último era figura demais. O cara tinha uma verdadeira adoração pela música brasileira e conhecia coisas que eu nem sabia que existia.



Mais tarde, também se juntou à mesa o Stefano e aí começamos a jogar com dados um tal de Mentiroso e, apesar de animado, confesso que nunca entendi as regras do jogo. Teve partida que eu até venci sem saber o que estava rolando. Entramos noite a dentro jogando e, depois de muitas cervejas e algumas Ypiocas, saímos  em grupo para curtir um luau que estava rolando na barraca Freedon na praia.



Estava pensando: “caramba, ta muito legal aqui em Canoa” e o foda era que ficaria somente mais um dia no local. Porém, o pessoal me alertou sobre a Pousada Morada D’aldeia, onde os italianos estavam hospedados, dizendo que o local era muito bom e ainda havíamos combinado um passeio pela manhã seguinte com um bugueiro chamado Sapinho. Na segunda era a folga dos bugueiros.



Acordo cedo, tomo café, junto minhas tralhas e sigo de mochila e tudo para a Morada D’aldeia. A Dona Neita me atende. Mãe da Paola e muito simpática, mostra-me um quarto onde me acomodar. Agrado-me do local. O Gianne e o Carlo estavam terminando de tomar o café da manhã e logo chegam o Sapinho e o Jura já com o bugue pronto para o passeio. Fico sabendo que o Sapinho também é percussionista e no bugue havia violão, tam-tam e outros instrumentos percussivos. Levo o pandeiro e a gente segue passando por praias e dunas até chegar em um quiosque à beira de um pequeno lago de água cristalina. Paramos por lá e já fomos pedindo o prato, pois é costume no local, além da ótima qualidade do rango, a demora em servi-lo. Tivemos a honra de ouvir alguns poemas declamados pelo Seu Arnolfo, dono do estabelecimento e morador de Aracati, cidade adjacente à Canoa. Abrimos os trabalhos com cervejas e caipirinhas, além de otchas coisitchas mais. Estava todo mundo disperso curtindo o lugar e a gente ainda não tava no clima para fazer um barulho. Mais caipis e cervas e Gianne pega o violão e começa a tocar. O cara mandava bem na viola e somente tocava música brasileira. Mandou Natiruts e tudo... Aí, cada um pegou de um instrumento, ou não, pegou de seu copo ou cigarro e fomos mandando uns sons muito maneiros. O Jura levou até Lionel Richie – all night long – e assim seguimos, quando, de repente, começam a chegar alguns turistas com bugueiros que, apesar da folga de alguns, aproveitavam a segunda para ganhar um trocado a mais. Porém, os turistas ficavam pouco tempo por lá e seguiam seus passeios. Muitos curtiam uma música ou outra que a gente levava. No entanto, uma garota, por sinal, muito bem afeiçoada e em trajes de banho, ficou maravilhada com o som que estávamos levando, sambou um bocado e implorou para o bugueiro para ficar no local. Porém, os demais turistas que estavam com ela queriam seguir o passeio e, assim, infelizmente, ela deixou o local chateada. Aquela cena ficou na memória.



Fiz muitas amizades em Canoa e os 4 dias previstos acabaram sendo 11. Quase perco o natal em Fortaleza. Voltei para Brasília com sede de música. Pensava, olhando para o horizonte (feito imagem de filme...rs), em participar de algum grupo de percussão e em valorizar mais nossa música, seguindo o conselho de meu amigo italiano, o Gianne. Comecei a ouvir Lenine.



Já havia testado a harmonia composta com base no som das ondas que captei em Canoa, o tom era sol menor e um dia correndo pelo calçadão da L norte, em Taguatinga, expiro mentalmente a seguinte frase:



“É bonito o mar,

É bonito o mar,

A onda quebra na praia.”



Restava saber se a melodia com a qual eu entoava essas frases se encaixaria na harmonia que já havia composto. Chego ansioso em casa, pego o violão e tudo se encaixa como uma luva. Pirei!



Daí por diante estendi mais a harmonia, segurando em sol menor e compondo a seguintes versos em ritmo rap:



“Fico indignado quando olho pra você

E vejo que o tempo fez você desanimar

Na vida é preciso algo mais pra se viver

Preste atenção no que quero te falar:

Tenha Fé

Fé em Deus”



Empaquei aí e mesmo tendo Fé, não saia mais nada. Por algum tempo a música ficou só nisso. Até que, em certo dia, rolou um carneiro no bar que meu brother B-é havia aberto na L. O rango tava uma delícia e uma galera passou a tarde no bar tomando umas e jogando conversa fora. O B-é levou uns sons pra gente e logo eu me animei em mostrar-lhe a música que estava compondo. Ele a achou interessante e, em um momento, começou a elaborar uma outra parte da música entoando a seguinte letra:



“O vento que balança as folhas do coqueiro

E o mesmo que sopra as velas do jangadeiro”



Achei demais e aí a gente tentou, pelo resto daquela tarde, encontrar alguma complementação para esses versos, porém não rolou nada legal. Paramos por ali. No entanto, a idéia que o B-é havia dado enriqueceu pra caramba a música, sendo que já estava na mão uma parte C para ela, só faltava encontrar alguns versos legais para terminá-la.



Desse modo, na semana seguinte, aquela finalização não saia de minha cabeça, quando, em um dia, no intervalo do meu trampo, caminhando rumo a um restaurante próximo ao serviço, relembro daquela cena no quiosque em Canoa, em que a gente estava tocando e uma moça bem vistosa que vinha com os bugueiros curtiu pra caramba nosso som, querendo ficar por lá. Então, nesse instante me veio a inspiração:



“O vento que balança as folhas do coqueiro

E o mesmo que sopra as velas do jangadeiro

Um bom lugar pra ficar na sombra

E a menina faceira samba ao som de um pandeiro



Pronto. Estava finalizada a música. E, como ela ainda não tinha nome e por todo contexto que rolou, de quebra, com a finalização também ganhamos o título da música - Ao som de um pandeiro.



Um lance curioso dessa história é que, na época da primeira inspiração que tive para compor essa música, eu ainda não havia tido quase que nenhum contato com o ritmo do maracatu e, ainda assim, a levada base de Ao som de um pandeiro é nesse ritmo. Dizem, no entanto, que a batida do maracatu surgiu com o barulho que os escravos, vindos da áfrica, ouviam nos navios negreiros quando as ondas batiam no casco da embarcação. Assim, talvez a onda que ouvi quebrando na praia de Canoa possa ter também influenciado no ritmo em que essa música seria composta. Viagem!

 

Em agosto de 2006, escrevi Ao som de um pandeiro no 1º Festival de Música dos Servidores Públicos Federais de Brasília e reuni uma galera para apresentá-la na ocasião, sendo a canção premiada com o terceiro lugar no festival e também com o melhor arranjo.



Desse modo, foram necessários 18 dias em Jericoacoara e mais alguns em Canoa Quebrada para que esse ser, que aqui escreve, entrasse no “astral” que permitiria a criação, ou melhor, a captação de uma música. Não só os dias de liberdade, mas também o contanto com toda natureza dos lugares por onde passei e, ainda, o contato com pessoas maravilhosas foram elementos fundamentais no desenrolar de toda essa história. Enfim, o vento que balança as folhas do coqueiro é o mesmo que sopra as velas do jangadeiro.



Portanto, chego à conclusão de que funcionamos também como uma espécie de antena e de que a freqüência em que operamos é de fundamental importância para estarmos abertos às variadas vibrações que o universo nos proporciona. Tenham Fé!



Assistam, no youtube, ao vídeo do festival, com os devidos descontos pela precariedade da gravação.




Brasília, 11 de junho de 2012.

Cláudio Lima (Rubião)

Ilha dos pássaros (Indicado por Rubião)

Um pequeno filme para ver e tirar conclusões.

Este video de (3' 55'') mostra uma ilha que se encontra no
meio do oceano Pacífico, a 2.000 km de qualquer costa.
Ninguém habita esta ilha exceto pássaros. E contudo....vejam o que se passa.

Sigam o link:

 http://www.midwayfilm.com/

sábado, 9 de junho de 2012

Serenata - Carlinhos Oliveira (Indicado por Rubião)


Eu que trabalho cedo fiz esta loucura sublime: madrugada de domingo, serenata para Duda Cavalcanti. Estávamos num bar e Chico Buarque de Hollanda lamentou que não houvesse no Rio uma garota que fosse ao mesmo tempo linda e morasse numa verdadeira casa. O problema da serenata, disse ele, é que, se a moça mora no quarto andar, você se arrisca a receber um urinol na cabeça, lançado pelos vizinhos do quinto andar. Eu então declarei: “Senhores e Senhoras, Duda Cavalcanti, que dispensa apresentação, mora numa casa, diante do mar.” Hugo Carvana me encarregou de telefonar para ela:

- Alô? Duda?

- Ela.

- Qual é mesmo o número da sua casa?

- Por quê? Você quer jogar no bicho?

- Não é bem isso. Olha, esteja em casa às 3 horas da manhã.

- Por quê? Você vai me raptar?

- Não, é uma surpresa.

Outro problema é que o pessoal do teatro dá um duro danado e ninguém nota. Eram 4 horas da tarde e marcamos a serenata para as 3 da madrugada. Pouco depois de meia-noite, fomos ao Teatro de Bolso, onde havia ensaio. Odete Lara (que aliás tem uma voz belíssima, já repararam?) estava deitada num sofá e cantava; outros atores faziam outras coisas. Fomos expulsos da platéia porque nossa presença deixa quase todo mundo inibido. Lá fora, ficamos à espera de Hugo Carvana. Ele apareceu às 2 horas. A casa de Duda era perto. Fomos para lá em diversos automóveis; parecia uma curra. Saltamos, alguém empunhou um violão e a serenata começou. Chico havia inventado uma canção de abertura, mais ou menos assim: “Vê se me ajuda / Abre a janela, Duda / Vim suplicante / Minha cara Duda Cavalcante.” Todos nós cantávamos cheios de esperança. As janelas permaneciam fechadas. De repente, abriu-se uma porta e surgiu um homem de robe de chambre. Era o tio da musa. Convidou-nos a entrar. Entramos. Cada um recebeu um copo dentro do qual havia excelente uísque. Ficamos a cantar, para o tio e a tia de Duda – um casal encantador. Às 3 horas da manhã, em ponto, Duda chegou. Pela primeira vez, a serenata foi feita dentro da casa e a musa a ouviu do lado de fora.

Hoje, segunda-feira, completamente descalibrado, escrevo esta notícia para lembrar aos jovens que a serenata de renascer. Não custa nada: basta um violão e dois ou três rapazes. É uma declaração de amor platônico, feita em grupo e em homenagem a uma pessoa determinada – a qual possui janela e não tem sono. (18-4-1967)

Luiza e o primeiro beijo (Por Thaís Azenha)



Ninguém faz nada em uma quinta-feira. Nada além do cotidiano. Salvo raras exceções.
Mas tornar-me uma exceção não quer dizer que deixo de existir. Existo com ainda mais convicção de ser.

- Ligaste para mim hoje?

Pergunto assim com um ar desconfiado como quem suplica por razões mesmo que fúteis e banais após quatro chamadas não atendidas do dia anterior. E tenho vontade de me estrangular por ter deixado o celular descarregar, mesmo sabendo que não estar sempre disponível também é bom. Será que é mesmo? Pode até ser para alguém que não eu, imediatista cega.

- Liguei ontem, mas não atendeste. Era para convidar-te a ir em uma reunião de amigos, o que acha?

Esse seria o momento de pular do banco e deixar que a corda aperte meu pescoço de uma só vez, onde nem teria tempo de suspirar pelo último segundo. Mas se quisesse ir com ele precisaria estar viva ainda, mesmo com o coração saindo pela boca, batendo a velocidade da luz.

- Acho ótimo, onde, quando?

Ainda não sabia o que me esperava nesse "encontro" de amigos que não necessariamente seria um "encontro" com fins românticos. Mas eu o conhecia tanto que sentia a diferença em seu tom de voz.

- Ás 20h está bom pra você?

Então ás 20h seria a minha hora. Vou de encontro ao acaso então, e sei que posso ser esmagada. Mas é como Claricear tendo loucura sem ser doida.
Entregar-me-ei a essa insensatez que esperei por tanto tempo, e gostaria de afogar-me aos poucos nessa alegria, mas mergulho, novamente de cabeça.
Não sei ser diferente. Ou não seria eu mesma.

- Está sim. Estarei pronta.

Há meses estou esperando esse momento, mas pronta nunca estarei. Nem começamos nada e já menti.
E todo desajeitado me abre as portas do carro, e ganho um beijo suave no rosto:

- Senti saudades!

Venha com mais essa dose. Deixe que eu tome mais um pouco desse ópio de você.

Razão de Ser - Paulo Leminski (Indicado por Thaís Azenha)




"Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?"

Paulo Leminski


O que não fazer em uma entrevista de emprego (Por Thaís Azenha)




  Alguém tem que gostar de fazer aquilo que a maioria das pessoas não gostam. Sempre repito essa frase quando tento explicar ás pessoas o porquê do meu sonho de trabalhar dentro de um hospital, especificamente em uma UTI. Podem até me chamar de louca por isso, nem me importo, mas essa semana conheci uma pessoa muito mais "maluca" que eu.

  Em uma entrevista de emprego no Hospital só havia nós duas de candidatas a vaga. E foi aí que tudo começou.
Colocaram nós duas em uma sala por cerca de 10 minutos. A tal candidata começou a entrevistar-me.

  Início de conversa aparentemente normal, onde mora, nome, quanto tempo trabalha na área. Até aí eu revidava as perguntas com um "e você?". Até que chegamos ao ponto da faculdade. A verdade é que ela tem uma lei, só dela, que rege os ténicos em nutrição. Lei que o CFN com certeza desconhece....rsrs.

  E iniciou-se o surto psicótico!

  Ela disse que não havia nenhuma razão para que eu fizesse o curso superior em nutrição já que o técnico é a mesma coisa, inclusive os honorários (Tirando os dois anos a mais da graduação, as responsabilidades pré-definidas de cada função, e as leis de salário do CFN, enfim, não sobrou nada...kkkk).
   O fato é que enquanto me esquivava de uma discussão inútil, tentando me acalmar para a entrevista, ela não parava de falar.

Mas o mais surpreendente foi o início da conversa com nutricionistas e RH.
Vou relatar as respostas mais absurdas proferidas na entrevista por ela, divirtam-se.

Empresa:
 - Onde você mora mesmo?
Maluca:
 - Eu não tenho casa fixa, um dia estou em Águas Lindas e no outro em Santo Antônio. Mas pra Ceilândia eu não mudo!
(detalhe que o hospital era na ceilândia).

Empresa:
- Se precisarmos de você em sábado á noite, uma emergência na cozinha do hospital, e você lá toda pronta para um casamento ou uma festa, podemos contar contigo?
Maluca:
- Bom, primeiro que técnico em nutrição só pode trabalhar até ás 18h. Mas enquanto eu não estou namorando posso vir.
(Essa lei de trabalhar até ás 18h é da cabeça dela, e quando estiver namorando?? o hospital que se vire, né??)

Empresa:
- Porquê você saiu do seu último emprego?
Maluca:
- Fui "injustamente" exonerada por excesso de atestado médico.

Empresa:
- Porquê passou 2 anos sem trabalhar na área?
Maluca:
- Porque tive problemas psiquiátricos e psicológicos de certa gravidade.

Empresa (todo mundo pasmo):
- Ah sim, claro, sem precisar entrar em detalhes das razões ou do problema que você teve, se sente preparada para trabalhar hoje em ambiente sob pressão?
Maluca:
- Claro, fui curada graças aos remédios. E os meus problemas foram devido a exoneração e ao término de namoro. Mas é claro que sob pressão ninguém trabalha hoje em dia.

Empresa:
- Bem, nos diga o que o hospital ganha com a sua entrada em nossa equipe.
Maluca:
- Ah, ele ganha muita coisa, porque só o fato de eu precisar desse emprego já é uma boa para a empresa.


No fim das contas eu já estava compadecida da minha candidata rival. Mas não acaba aí.
Durante toda a entrevista, na minha vez de resposta, ela me olhava com um olhar assustador, do qual eu podia extrair o seu sutil "cala a boca". E juro que dessa vez não era eu quem estava surtando....rsrs.

Saí apressadamente da entrevista, já fora do hospital ela me toca no ombro e diz:
 - é, boa sorte, quer dizer, só um poco de sorte né?

E sua risada maligna fez com que eu desistisse de seguir com ela até a parada de ônibus, entrei em um supermercado, liguei para minha amiga Ariany, de tão nervosa eu só conseguia rir (novidade!), mas ela disse algo que não posso descartar a possibilidade. Disse que a tal candidata poderia ser uma atriz contratada pela empresa ou uma pegadinha do malandro, yé yé! kkkkkkk

Para ir embora, chamei um táxi, ainda conseguia vê-la na parada.

Curada, ah vá!!!









segunda-feira, 4 de junho de 2012

Construindo uma música - Primeira parte - (Por Rubião)


Verão de 2004, na verdade, final de novembro daquele ano. Fiz uma viagem que há muito tempo estava a fim de fazer. Queria conhecer, sozinho, algumas praias do Ceará. Assim, fiz um roteiro prevendo passar uma semana em Jericoacoara e por volta de quatro dias em Canoa Quebrada. Porém, em suma, eu teria folga de um mês para curtir o litoral cearense, com compromisso apenas de passar o natal em casa de parentes em Fortaleza e de voltar para Brasília em tempo de não perder dia de serviço já no fim de dezembro.



Para essa viagem, levei comigo um pandeiro, com o qual, naquele mesmo ano, havia aprendido alguns toques básicos. Chego em fortaleza, passeio por lá por dois dias e zarpo ansioso rumo a Jeri, pois já estava de saco, vistas e pulmões cheios de fumaça, edifícios e asfalto.



Quatro horas de estrada até Jijoca e, para minha alegria, nesse local temos que mudar de transporte, pois o baú não iria até Jeri devido a não existência de asfalto. Portanto, dali para frente era só estrada de areia. Que maravilha! Assim, embarcamos em uma Jardineira, uma espécie de caminhão com assentos em sua carroceria. Fone de ouvido apostos e em mais uma hora de viagem, admirando vilarejos, lagoas, praias e dunas, chegamos a Jericoacoara.



Em Jeri não tem caixa eletrônico e também não tem asfalto, somente ruas de areia. Busquei uma pousada com preço amigável e instalei os meus apetrechos. Já na primeira noite eu conheço o Ricardinho Matos tocando emepebê no Restaurante Sapão e depois de ouvi-lo, acompanhado de algumas cervas e caipis, encorajo-me e vou buscar o pandeiro. Assim, ele levou alguns sambas e eu pude acompanhá-lo acanhadamente. Depois disso, mais cervas, papo legal com o próprio Sapão, dono do restaurante, e o Ricardinho me adianta a rotina musical da vila.



Depois desse dia, pude acompanhá-lo também no Sky, restaurante que ficava na beira da praia, próximo à Duna do pôr-do-sol. Conheci também o Reno, o Silvino e o Limão, todos músicos de Jeri, sendo que o último era percussionista, ou melhor, ele se virava com o seu derbake, instrumento esse que, em algumas ocasiões, me foi cedido, principalmente quando o Limão não se agüentava mais de tantas brejas.



Conheci também o Perê, um cigano que vendia uns trampos de prata, com preço bastante elevado e também tocava pífano. A gente se reunia nos fins de tarde e, na praça central de vila, a gente tentava improvisar alguns sons. Mais não saia muita coisa não...



Não sei como, mas no pouco tempo naquele vilarejo, criei uma rotina andando de chinelo e bermuda, fazendo caminhadas até a famosa pedra furada de Jeri, acompanhando o Perê nos fins de tarde, depois tocando pandeiro sozinho no Serrote – morro de Jeri com uma vista maravilhosa – saindo com o Limão pelas noites e tomando todas, além de fazer vários acompanhamentos percussivos para o Ricardinho e o Reno nos bares de Jeri.




Na época ainda, havia na vila uma banda chamada Zero-vinte-um, que era de uma rapaziada do Rio que veio morar em Jeri e que levavam somente rock’n’roll do bom e do melhor. Houve até uma ocasião, gerenciada pelo doutor Limão, em que fomos convidados para a festa comemorativa da final do campeonato de Kite Surf que estava rolando na praia do Preá, ali próximo. A banda Zero-vinte-um iria tocar na ocasião. Ajudei nos preparativos, colocamos uma bateria montada na carroceria de uma caminhonete. Nem os pratos saiam devido à maresia. Motorista inexperiente nas dunas e vou eu de cara no bumbo!...rs..Mas, tudo é festa. De noite estava eu e o Limão tomando boêmias e caipis à vontade. O Limão ia acompanhar a 021 mais exagerou nas doses e não foi. Fui eu. E claro que estava afim.



Assim, os sete dias que havia estimado ficar em Jeri se tornaram 18 e, como tudo que é bom dura pouco, chegou a hora de seguir viagem. Meu destino agora era Canoa Quebrada, no outro extremo de Fortaleza.




Continua...






sábado, 2 de junho de 2012

O amor e Luiza (Por Thaís Azenha)






E foi justamente o que eu disse, mas não fui constante em meu pensamento. Vaguei e não percebi.
- Falando sozinha Luiza?
Ah, Luiza, nome próprio e publicamente compartilhado!
- Depende.
Respondi tentando parecer natural e sem ser efusiva, de novo.
- A solidão é estado de espirito. Nunca estaremos em total ermo. Sempre haverá um corpo animado ou inanimado.
  Não sei se pensei alto ou se as palavras ficaram presas em mim.
 - Vim buscar o livro que me prometeu, pode ser?
Emprestaria até minha alma, a entregaria assim de bandeja! Se ele soubesse.
Basta pensar na possibilidade para o peito arder em brasas. E estar tão perto assim é a tortura masi satisfatória que já senti.
- É amor Luiza?
A saliva rasgou-me a garganta, o coração por segundos não bateu.
- Como sabes? Que-quero dizer, o que disse?
E ele lá com aquele sorriso que sonho desesperadamente em minhas insônias.
- Falaste do enredo, mas sabes como sou, lembro-me vagamente.
Suando como se não fizesse o frio noturno de junho, sim, eu sabia exatamente como ele era. Distraído, descontraído, mãos grandes e voz inconfundível.
Lá estava eu novamente a contar-lhe sobre o enredo do livro, esquivando-me de seu cigarro, já enrubescida pelo vinho, desejando construir a nossa própria história de amor ao som de Love me two Times.