terça-feira, 19 de junho de 2012

Inexistente (Por Rubião)


Lendo o comentário da escritora Lua, do Blog Cervejas e Bugigangas, sobre o filme Corra, Lola, Corra, além da vontade de ver o filme, veio-me um insight exatamente sobre tais contextos. Sobre os rumos que pode seguir nossas vidas e sobre as possibilidades que estão ao nosso redor. E para reforçar essas perspectivas também li o texto Versões do Veríssimo, postado na coluna Indicação do mesmo blog.



Penso, observando a história da humanidade, em todas as batalhas e calamidades que dizimaram milhões de vidas e, entre essas vidas, quantos poetas, escritores e músicos se foram? E, com isso, quantas músicas deixaram de serem compostas? Poemas e livros deixaram de serem escritos?



Se Janis Joplin, Jim Hendrix e Jim Morrison tivessem passado dos 27 anos, quais músicas teriam sido compostas ou interpretadas por eles? O que estariam fazendo? Jim Morrison provavelmente teria se tornado evangélico, arrecadando grossas verbas para a Igreja Universalve-se Quem Puder.



Se Luiz Gonzaga nunca tivesse encontrado com Humberto Teixeira, nunca ouviríamos a clássica canção Asa Branca. Se Tom Jobim não tivesse encontrado com Vinícius de Moraes, nunca iria rolar a canção Garota de Ipanema e nem a Bossa Nova. Se bem que, entre esses últimos, o encontro seria mesmo inevitável, pelo tanto que eles freqüentavam os mesmos botecos em Ipanema. Porém, caso algum deles fosse averso à bebida, o encontro talvez nunca teria rolado e aí adeus Garota de Ipanema e adeus à Bossa Nova. Desse modo, se do fato de não acontecerem simples encontros entre duas pessoas já se pode ocorre o aborto de grandes obras, ainda mais quando as trajetórias de grandes artistas são interrompidas por qualquer fatalidade.



Grandes bandas que nunca chegaram a se formar por motivo de alguma rixa entre seus integrantes. Se fossemos colonizados pelos espanhóis, será que hoje estaríamos ouvindo Tango ou Flamenco Universitário? Qual poema escreveria o poeta que nunca aprendeu a escrever? O que estaria fazendo Chico Science se não tivesse rolado aquele fatídico acidente em fevereiro de 97?



Essas são perguntas sem respostas. São distorções de uma realidade que nunca existirá. Aliás, nunca li comentário de nenhuma blogueira e nem sei o que é blog. Nunca tive internet, não sei o significado da palavra “perspectiva”, também nunca ouvi falar em Jim Morrison e nem mesmo me lembro desse tal Luiz Gonzaga. Morri de fome com dois anos de idade em Aracati, Ceará, em 62. Nunca aprendi a ler ou a escrever. E esse texto também nunca existiu.

2 comentários:

  1. Pô Rubião, nunca viu esse filme???? Vacilão. Adorei esse texto que não existe.

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  2. Kkkk...pois eh... Ele ta na minha lista para assistir......mas de que texto vc tava falando?

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