quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cavernas (Por Thaís Azenha)





E então, porque você acha que me impede?

E eu finjo acreditar que adianta,

Usar de todas as artimanhas,

Se a minha ideologia te repele.


Em momentos assim nem eu me alcanço,

Dentro dos mistérios que me tornei,

Entre as cavernas que caminhei,

Diante de todo raciocínio que arranco.


Dividida em quatro faces como a lua,

Tenho um humor para cada estado,

Mesmo quando tento me manter uma.


Homicida caminhando pela rua,

Venho supor que se cumpra o tratado,

Mesmo quando tento me manter sua.


Rifa-se um coração - Clarice Lispector (Indicação Thaís Azenha)





Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.


SARDINHAS NA PANELA DE PRESSÃO (Indicada por Kleber Augusto, ficha técnica Thaís Azenha)


Rendimento aprox. 8 porções de 200g – 503,21Kcal

Servido com arroz cozido (60g) – 601,61 kcal
Servido com torradas (18g – 2 torradas) – 530,73 kcal




Modo de Preparo.
Temperar as sardinhas com limão e sal.
Arrumar em camadas finas na panela de pressão: tomate, cebola, alho, salsa, pimentão e sardinha, até terminar todos os ingredientes.
Por último, derramar o azeite.
Fechar a panela e acender o fogo.
Quando começar a apitar, abaixar o fogo e desligar após 10 minutos.
Abrir a panela só depois que sair toda a pressão.
Pode ser servido quente com arroz.
Pode ser servido frio com torradas e pão.


Benefícios do prato

Alho e cebola: contêm organosulfurados, que são antioxidantes e ajudam a manter a saúde do coração por prevenir a formação de placas de gordura.
Azeite: de preferência extravirgem, adicionado no peixe logo antes de servir (para não alterar suas propriedades). O óleo contém gorduras insaturadas, que ajudam a manter os níveis de colesterol adequados.
Tomates: procolágenos que atuam em defesa dos raios ultravioletas do sol são encontrados em grande concentração quando o tomate é cozido, e também o Licopeno conhecido por seus benefícios contra o câncer de próstata, perturbações digestivas, gota, prisão de ventre e infecções bacterianas.
Sardinha  Tem sido comprovado em estudos atuais que o consumo de alimentos como a sardinha previne alguns tipos de doenças cardiovasculares, por conter uma elevada quantidade de ácidos graxos essenciais do tipo ômega 3 (gordura poli-insaturada) na sua composição nutricional. Salienta-se que o teor lipídico da sardinha varia ao longo do ano.
O efeito benéfico no que se refere às doenças cardiovasculares proporcionado pelo consumo deste alimento advêm da:
Diminuição dos triglicerídeos e colesterol total no sangue;
Diminuição do colesterol LDL e aumento do colesterol HDL;
Redução da pressão arterial de indivíduos com hipertensão leve;
Alteração da estrutura da membrana das células sanguíneas, tornando o sangue mais fluído.
A sardinha apresenta ainda uma excelente fonte de proteínas completas e de alto valor biológico, ferro, fósforo, magnésio, vitaminas A, B, D, E e K.
Uma vantagem para o consumo deste alimento é o seu preço, sendo um alimento de elevada qualidade nutricional e com baixo custo. Além disso as sardinhas possuem grande quantidade cálcio e, cozidas dessa forma, é possível consumir também as espinhas, cartilagem que concentra muito cálcio.
DICA:
 Ao comprar sardinhas procure sempre observar se a carne está firme e se os olhos estão claros e brilhantes. Assim que chegar em casa enxágüe as sardinhas e cubra-as com papel absorvente umedecido. Guarde-as na parte mais fria do refrigerador. Recomenda-se comer ‘peixes oleosos’ pelo menos duas vezes por semana para se obter um suplemento constante destes nutrientes essenciais. 
Fonte de pesquisa: Nutrição em Pauta
Indicada por Kleber Augusto
Ficha técnica e informações nutricionais por Thaís Azenha

VERSÕES – DE LUIS FERNANDO VERÍSSIMO – INDICADO POR RUBIÃO





Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido. Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste...


Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário – sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:


- Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo.


E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
 

- Por quê? Sua vida não foi melhor do que a minha?


- Durante um certo tempo, foi. Cheguei a titular. Cheguei à seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que um dia...
 

- Eu sei, eu sei... – disse alguém sentado ao lado dele.


Olhamos para o intrometido... Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:


- Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.


- Como é que você sabe?


- Eu sou você, se tivesse saído do gol. Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória. Fui considerado o herói do jogo. No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar. Como era um herói, me atirei... Levei um chute na cabeça. Não pude mais ser nada. Nem propagandista. Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida. Se não tivesse ido nos pés do atacante...
 

- Ele chutaria para fora.
 

Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.


- Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula. O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio...



- E o que aconteceu? – perguntamos os três em uníssono.

 - Lembra aquele avião da Varig que caiu na chegada em Paris?

 - Morri com 28 anos.

Bem que tínhamos notado sua palidez.

 - Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo...

- E ter levado o chute na cabeça...
 
- Foi melhor – continuou – ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado...



- Você deve estar brincando.

 Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.

 - Quem é você?

 - Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.


Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As conseqüências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente. Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.



- Que é você? – perguntei.

 - Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.

- E...?



Ele não respondeu. Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nas horas vagas (Por Thaís Azenha)





Na hora em que tudo se acalma,
em ruas e em suas calçadas,
momentos tão pouco lembrados
braços já não abraçados.

E o amor insiste,
cenários inversos.
Olho-te de longe,
observo, imploro.
Algo simplório existe.
Em quê consiste teu beijo?
Arte conteporânea, natural,
sinos gregos.
Só imaginação, sensação.
Permaneço contínua,
inversa, perversa,
mas não possuída.
Contida em palavras,
pensando em você,
lançada ao nada,
nas horas vagas.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A boemia de Taguatinga se findou! (Por Rubião)


A boemia de Taguatinga se findou!



A boemia de Taguatinga se findou. Dia desses, dei uma passeada pela noite de Taguá para constatar tal fenômeno. Era uma quarta-feira e, como bom candidato a boêmio, abri os trabalhos lá pelas oito da noite, em um quiosque denominado Passa-Tempo, na QNL. O lugar é muito bom, foi aberto há pouco e o diferencial, além do ótimo atendimento, da cerveja sempre gelada e de boas iguarias, é o som de bons ou, nem sempre bons, quando bastante arranhados, mas, no entanto, bem aceitos e até, às vezes, raros vinis. Uma variedade enorme de LP´s para que os próprios clientes possam escolher a vontade. Eu mesmo comandei uns três vinis naquela noite: Bill Harley no Brasil, tocando rock’n’roll misturado com samba, Chorinho no Céu, com ilustres tocadores de choro que já partiram pra outra, e um do Steve Wonder, disco com velhos hits do gênio. Bem, depois de muitas geladas, um sanduíche de filé com abacaxi e muito papo-furado, dou uma força no fechamento do estabelecimento, sem qualquer protesto, afinal, quiosque que se preze tem que fechar cedo mesmo. Quiosque é quiosque.



Aproveitando, então, a proximidade de um Bar chamado Tucanu´s, para lá eu fui. Já deixando claro, porém, que o nome não tem nada a ver com qualquer partido político. Ele já tem certa história na noite de Taguá. O bar, apesar da mudança de comando nos últimos tempos, sempre promoveu bons shows, com ótimas bandas da cidade e proximidades. Shows esses, porém, sempre voltados para o bom e velho rock’n’roll, o qual faz o estilo do bar, sem protesto algum de minha parte, além de ser, escrachadamente, reduto flamenguista, o que também não acarreta protestos meus.



Sou adepto do balcão do Tucanu´s, aliás, diga-se de passagem, o melhor balcão da cidade. Lá sempre rola uma boa música e boas risadas com os colegas de balcão e depois de outras cervejas e duas Porto Estrela... Neste momento, até rolou inspiração, quando improvisamos, eu e uma amiga também adepta à boa cachaça, uma parodia da música do Léo Jaime chamada Rock Estrela. O lance era Porto Estrela, apesar de que minha companheira a tomava com a companhia de sal e limão e eu dizia pra ela: “isso é pra se tomar com cachaça ruim, cachaça boa se toma pura mesmo”. Bem, passada a euforia, escuto novamente, atrás de mim, aquele velho e traumatizante estrondo da porta roliça se fechando e vem, à meia-noite e meia, aquela conhecida pergunta: para onde vamos?



Fui parar na praça do D.I, em um lugar que também abriu recentemente, o Café Havana. É um lugar pequeno, mas aconchegante. Lá rola som ao vivo, geralmente, voz e violão, e bons dvd’s. É uma espécie de livraria cultural, onde também acontecem encontros de poesia, os chamados saraus. No lugar você também encontra uma tabacaria e algumas outras bugigangas para o consumo. Neste dia, ou melhor, nesta noite, não estava muito cheio. Era aniversário de um amigo de uma amiga. Não sentei com eles. Tomei vinho com outras pessoas e trocamos idéias sobre música e poesia, com algumas boas piadas, o que é de praxe em uma mesa de bar. Dei carona para o músico da casa, porém, parei antes de seu destino, como já o havia avisado. Eu estava indo para o Belladona Café.



O Belladona fica na avenida comercial em Taguatinga. É um bar característico de fim-de-noite e, naquela hora, duas e trinta da matina, sabíamos que não haveria muitas opções na cidade para os amantes da noite. Porém, em bar fim-de-noite, tem-se uma vantagem, encontra-se todo mundo. Encontrei com aquela amiga que era amiga daquele aniversariante que estava lá no Havana. Desta vez, sentei com eles. O dono do estabelecimento ofereceu-nos uma iguaria deliciosa, era uma carne de ave com um molho agridoce. Muito bom, mas não lembro o nome do beliscante, nem sei se perguntamos o que era, mas sei que acabou rapidinho. Também rapidinho acabaram-se as cervejas de garrafa do estabelecimento e tive, não sei se a honra, mas a audácia de retirar a última cerveja em lata do frízer da casa. E, quando se acaba a cerveja, como diz uma amiga minha, acaba-se a alegria, acaba-se a amizade e etc. Mas, eu, minha amiga, o amigo aniversariante e sua companheira ainda estávamos dispostos a prosseguir com os trabalhos. Porém, naquela hora, quase quatro da madruga, com certeza não teria boteco algum aberto em Taguatinga, a não ser a loja de conveniência de um posto 24h. Isso mesmo, não um boteco com mesas, música e etc., mas uma lojinha de um posto de gasolina. O carro do aniversariante virou o encosto. A música vinha dos carros ao redor, com pessoas dos mais variados gostos, geralmente, os piores possíveis e o banheiro era improvisado por trás da banca de jornal. Nesse momento, tive certeza: a boemia de Taguatinga se findou.



Lembro-me do saudoso Batik Bar, que em seus bons tempos varava as madrugadas, ainda que, às vezes, de portas fechadas, mas com os clientes dentro. Quando se abria a porta, estranhava-se a claridade da praça e os freqüentadores saiam feito morcegos assustados pela luz do sol. Alguns mais prevenidos andavam com óculos escuros para essa ocasião. Já em fase decadente, o Batik era fechado mais cedo e, mesmo assim, restava-nos o antigo Roopaus, na chamada rua da alegria, em Taguatinga Centro. Lá se tinha onde sentar, em boa mesa de madeira, encontrava-se todos os heróis da madrugada e, ainda, podia-se comer felizes petiscos. Aquilo sim era boemia de primeira e a gente nem sabia.



Mas, voltando a posto 24h, bebemos mais algumas cervejas, comemos salgadinhos, discutimos relacionamentos e brindamos com a saideira. A expulsadeira foi comigo no carro, porém, não a bebi. Acho deprimente se beber no caminho de volta para casa. Ainda mais naquela hora, cinco da madrugada, tão cedo. Então, pensei, colocando a lata de cerveja na geladeira de casa: “a boemia de Taguatinga se findou!”

Taguatinga, maio de 2006.

Rubião

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Malfeitorias do DF (Por Kleber Augusto)









        A Faixa exclusiva para transportes coletivos implantada na EPTG é uma tremenda desorganização. De hora em hora devem passar no máximo cinco ônibus pelo trajeto, no entanto, os privilegiados tais como: viaturas da polícia, detran, carros oficiais, táxi e etc. fazem a festinha!
Agnelo, Governador do DF que, com certeza, passeia de helicóptero, comentou que certos entraves ocorrerão no início e que os motoristas devem ter paciência, tendo em vista que com o decorrer do tempo (na próxima gestão?) tudo estará estabilizado e na mais perfeita "ordem".
      

    Oh Pai! Eu e tantos outros cidadãos que pagam IPVA, LICENCIAMENTO E SEGURO OBRIGATÓRIO devemos acreditar em tanta balela?           


Nem vou comentar sobre a frota de coletivos, completamente sucateada, que ronda todos os dias na Capital Federal. O trabalhador sai de casa pra lida e não sabe se o “minhocuçu de aço” enguiça na ida ou na vinda.
     

     A solução imediata pra esta “malfeitoria” não existe, pois a nova frota de ônibus prometida do “além” só estará em circulação no meado do próximo ano! Será? E que extraordinário, as portas de entrada e saída dos veículos serão adaptadas para o lado contrário, pois os pontos de acesso estão alojados, também, do lado inverso da pista. Quanta inteligência! Agora, pra investir em tecnologia de ponta dos quais foram instalados os novos radares “caça níqueis e sangue suga”, tudo é resolvido pra ontem e com uma competência invejável! E só pra salientar, os Agentes do DER ficam escondidinhos com o binóculo do “Rambo” e a arapuca armada anotando as numerações dos veículos ditos infratores. Realmente é de admirar! Bando de inúteis ridículos! Devem ter um salário bem gordinho pra fazer um serviço que qualquer criança de cinco anos faria. Vou arrumar uma lavagem de roupa pra cada um!
   

   Se eu fosse expor todas as trapalhadas desta obra mirabolante, “bem planejada”, desde o Governo Arruda até a gestão atual, iria ficar aqui escrevendo e blá blá-blá blá... Convido a todos e, principalmente, ao excelentíssimo Governador do Distrito Federal da República a se aventurar num belo passeio neste trajeto, mas que seja na hora do “pega pra capar”. A EPTG em direção ao Centro de Taguatinga é uma piada e um descaso com a população que necessita trafegar todos os dias. O Governo precisa baixar um pouquinho a crista e repensar não só nestas obras inacabadas e mal administradas, como, no mínimo, por em prática o que foi prometido para a Educação, Segurança e Saúde. 
Acorda Agnelo!











quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tenaz (Por Thaís Azenha)



Eu despertei de um sonho de mil anos,
por caminhos andei.
Percebi que sua voz que dominava,
chegava a me possuir.
Mas ainda há palavras por dizer,
há coisas que não consigo entender
Se eu minto, assim, com naturalidade
e sentimos a mesma coisa,
a mesma percepção,
quem de nós diz a verdade?

Eu me sentei em meu próprio templo interno
e mantras entoei.
Então gritei por respostas de um anjo
que sempre esperei.
Mas ao abrir meus olhos quem avistei?
Vi seu rosto e em seus braços me joguei
em quem foi e é meu anjo a vida inteira,
e você disse isso primeiro,
de novo a mesma coisa,
de novo o mesmo sentimento.
Quem de nós não é verdadeiro?

Eu procurei palavras por dizer
mas não as encontrei
Então cantei seu nome em mantras puros
com um Deus que inventei.
E essa Lua que já me pôs tão contida,
que tanto faz parte da minha vida
Essa Lua que hoje uniu dois seres,
através de meus pedidos,
em forma de ritos,
hoje eles são sentidos
como emanações.


E ao dormir sempre me aproximo mais,
Você me causa uma desordem tão tenaz.
E é por isso que abafo os meus gemidos,
e chamo por você em cantos escondidos.

Não é que eu não queira estar ao seu lado,
e abandonar todas as marcas do passado,
mas as raízes que tenho ainda são fortes,
podem abrir feridas mesmo sem um corte.







Recordações (Por Thaís Azenha)



Lembro-me de um banho de chuva
onde suor e lágrimas tinham o mesmo sabor
de lábios que desesperados prendiam-se aos meus.
Um instante nostálgico e agressivo,
Minutos longos, longos minutos.
Detalhes pouco descritíveis,
Avassaladores!
Depois, você na porta,
malas na mão.
Não vivi tudo para perder no fim das contas.

Alguns dias deveriam perpetuar no tempo,
e não só sobreviverem na memória.
Noites e dias iguais.
Passados em claro, cercados de sombras.
Não sei se já passou um dia ou uma semana.

Um puta azar. Ou será sorte? (Por Lua)


Eu nem falo mais em ganhar na Mega-Sena. Também não espero que os meus números “da sorte” do meu título de capitalização sejam sorteados.



Não sonho mais em ganhar aqueles ursos grandões que são carregados no meio da rua por vendedores ambulantes que subestimam sua inteligência com propostas pra lá de indecorosas.



E aquelas rifas onde você tem que escolher um nome? Rosa, Zuleide, Margarida, Mirtes e até Anadark..pelamordedeus, quem se chama Anadark? Me desculpe se houver alguma Anadark leitora do blog mas venhamos e convenhamos. Não é que eu ache o nome feio, pelo contrário, gostei do nome, mas numa relação de 100 nomes que esse cidadão deveria escolher como foi que surgiu na cabeça dele o nome: Anadark?


Enfim, eu também não acredito mais que vá ganhar naqueles sorteios de supermercado, onde você ganha um cupom para cada pequena fortuna que você gasta.


Eu ganhei uma vez, um sorteio na faculdade de Direito, quando eu cursava o 5º semestre. Eu gastava tanto dinheiro com livro nessa época que se tivesse economizado esse dinheiro, talvez eu pudesse ter comprado um carrinho pra mim ao invés de ir de ônibus pra faculdade. O professor, gente boa, sabendo que os livros são muito caros, conseguiu junto à uma distribuidora alguns exemplares para serem sorteados na sala de aula. Eu ganhei um. Ganhei uma belíssima Constituição Federal. Puta merda, se cada pessoa tiver apenas uma chance de ganhar um sorteio na vida, eu gastei a minha com um livro que é distribuído de graça no Congresso Nacional.


Azar no jogo, sorte no amor, é o que dizem. Estou até agora esperando aqui a tal da sorte no amor. Embora eu não tenha muita certeza de que ter azar no amor é de fato, tanto azar assim. Talvez permanecer solteira tenha suas vantagens. Liberdade para sair com as amigas, cozinhar quando eu quiser, se eu quiser, poder conhecer pessoas novas, viajar, paquerar, poder sair do trabalho e sentar na distribuidora com uma amiga que você não vê há meses e só ir para casa quando o dinheiro acabar, ter tempo para ler, ver filme, bordar, voltar a pintar, assistir desenho animado com meus filhos, receber amigas em casa, ir para a Marcha das vadias com um monte de amigas e não ter que gastar dinheiro com o dia dos namorados, que se aproxima...é, talvez não seja assim tanto azar..ou talvez seja..ah! sei lá. Tenho que descobrir algo para me ocupar nesse dia dos namorados. Thaís? Kelly? Alguma sugestão??

Bom, como a sorte no amor também não é algo que eu vislumbro acontecer, fico aqui sonhando que quem sabe um dia, ah, um dia...


Vou, ao menos, conseguir ver minha mala ser a primeira a aparecer na esteira do aeroporto.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Filme da vez - Lola Rennt, 1998 (Por Lua)


Ontem no texto “Individualização do pensamento”,  eu mencionei o quanto a vida é ilusória, e que isso se deve ao fato de não possuirmos nem a percepção de nós mesmos já que cada um de nós é a projeção do que os outros pensam a nosso respeito, o que nos leva à conclusão que, se cada um nos vê de uma forma, se a opinião sobre nós varia de pessoa para pessoa, de grupo social para grupo social, é perda de tempo ficarmos tentando agradar gregos e troianos. Devemos nos agradar e, talvez, às vezes, dependendo das circunstâncias, àqueles a quem amamos.

Seguindo por essa linha de raciocínio chego á conclusão, também, de que não existe essa de caminho traçado previamente. Uma pessoa que entra na sua vida de forma inesperada, um sentimento que aflora sem que você queira, um despertador que não toca, uma titubeada antes de tomar uma decisão..pode mudar totalmente o rumo da sua vida.

Pensando nisso lembrei-me de um filme alemão que assisti, chamado Corra, Lola, Corra (Lola rennt, 1998) dirigido por Tom Tykwer, e estrelado por Franka Potente.


Não é um filme muito tradicional, foge do clássico, contando três vezes a mesma história, cada uma com um final. É um puta roteiro que brinca com o acaso, mostrando como pequenas mudanças podem ocasionar uma mudança total no final da história.

Na história, Lola, uma filhinha de papai, namora um coletor de uma quadrilha de foras-da-lei, Manni,  que estava sendo testado pelo bando e para isso, carregava 100.000 marcos. Mas Manni perde o dinheiro no trem, entra em desespero e liga para sua namorada que tem 20 minutos para recuperar o valor perdido. E aí que começa a corrida de Lola, contra o tempo, para salvar a vida do namorado.

A história é essa, nada mais, contada três vezes mas a forma como elas são contadas, entrelaçadas, é que transforma o filme em uma obra de arte e leva ao pensamento inicial: e se eu tivesse feito isso? E se eu não tivesse feito aquilo? O objetivo do filme é justamente mostrar como as decisões tomadas nesse instante, afetam o segundo seguinte.

Depois que assisiti esse filme passei a imaginar como seria o mundo que conhecemos se os Judeus tivessem conseguido sufocar o crescimento do cristianismo? E se Hitler tivesse vencido a Guerra, matado todos os judeus e mundo e implantado a idéia de raça superior? Primeiro os judeus seriam exterminados, depois os negros, os orientais.. e o que seria de nós sulamericanos, vira-latas da humanidade?

Bom, se o Cristianismo não tivesse adquirido a força que tem, talvez Hitler não tivesse nem tido a idéia de exterminar os judeus que, talvez, nem fossem uma minoria.

Antes que me crucifiquem, não estou aqui dizendo que a culpa do extermínio dos judeus é do Cristianismo. Falando em crucificação, não consigo entender porque as pessoas adoram a cruz, pregam na parede, usam no pescoço. Ela foi um instrumento de tortura. Por acaso se Jesus tivesse sido morto à chibatadas, adoraríamos o chicote e o sado-masoquismo seria algo sagrado?

Também não quero ficar aqui discutindo religiosidade. Meu objetivo é só dizer que é um filme alternativo muito bom, que deve ser visto mais de uma vez para que possa ser totalmente aproveitado.

Corra, Lola, Corra ganhou alguns prêmios internacionais, como o de Melhor Filme Estrangeiro pelo Independent Spirit Awards. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Ganhou o prêmio da audiência, no Sundance Film Festival. Teve um orçamento de US$ 2 milhões e arrecadou US$ 14 milhões apenas na Alemanha. Nos EUA estreou em míseras 5 salas, embolsou US$ 100 mil na semana de estréia, 02 semanas depois ultrapassava US$ 1 milhão.






Memórias de uma garota de 16 anos (Por Thaís Azenha, 2000)

Escrevi esse texto no ano de 2000 e ele continua bem atual...rsrs



        Ser o que eu quiser nunca me pareceu tão claro. Por quê as pessoas evitam ser felizes? 
Quando na verdade basta querer. Mas corremos do desconhecido, duvidamos do invisível. Acabamos como alimento perecível esperando o prazo de validade expirar. Apesar de ser difícil, estou aprendendo. 

  Estamos aprendendo a seguir sem aquela vontade Kantiana, aparentemente desinteressada, mas que é apenas o caminho mais fácil de ser trilhado para se subtrair à plena visão autêntica da vida. 

         A moral seja ela de Kant, de Hegel ou de Aristóteles não passa de máscara que esconde uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. E assim não quero viver, e veja bem este querer vem de vontade e não de não saber ser de outra maneira.


        Segundo o livro " Vontade de Potência" não existe vida média para Nietzsche, nem se aproxima entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é necessário arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.

       Assim, hoje posso viver como se tivessem retirado um peso de minhas costas. É  claro que agora sei o porquê desse querer e avaliar se é bom ou ruim. Então me farei feliz, custe o que custar! Mas ao chegarmos a essa conclusão já sabemos que nos fará muito mais bem do que mal. Quem se julga tão superior só faz o que a sociedade quer e dita. Não possui vontade de potência bem implementada.
      É o pai que construiu uma família apenas por obrigação e finge estar bem. Hoje repudia a mulher, não pode mais ceder a ela todo o prazer que merece. Afinal ela também se entregou á essa vidinha tranquila e obrigações. Mas o que mais queria ficou em um sonho distante, porque sonhos não causam decepções. Agora tornaram-se escravos um do outro. As pessoas devem fazer o que querem sem que sejam forçadas.
Cada um sabe de si, do seu sonho, se é ter família, se é ter uma certa profissão, viajar pelo mundo.

       E cadê a chance de tentar? E a chance de viver? Não, não vegete assim, se estrague e se conserte. Se ame e se odeie. Se faça feliz e se permita sofrer, de vez em quando. Só pelo próprio prazer de tentar, que graça tem fazer o bolo se não se pode provar?

"Para Nietzsche o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordemestruturaforma e inteligência. Nele as coisas "dançam nos pés do acaso" e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida."


 FOGEL, Gilvan. Apresentação. in: NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Poder





"Tira, a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro, jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer, consciente, inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro"
(Pitty, Máscaras)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Individualização do pensamento (Por LUA)


Vivemos iludidos, o tempo todo e nos iludimos ainda mais achando que não seremos mais iludidos. A vida é uma ilusão.  Na Wikipédia encontramos a seguinte  definição de ilusão:

ilusão é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção. A ilusão pode ser causada por razões naturais (mudança de ambiente, deformação do ambiente, mudança de clima, etc) ou artificiais (camuflagem, mimetismo, efeitos sonoros, ilusionismo, entre outros). Todos os sentidos podem ser confundidos por ilusões, mas as visuais são mais conhecidas. Uma vez que a percepção é baseada na interpretação dos sentidos, as pessoas podem experimentar ilusões de formas diferentes.

Distorção da percepção. É dessa forma que vivemos, com a percepção distorcida. Nem mesmo sabemos responder perguntas básicas como:  O que somos? De onde viemos? Pra onde vamos? Não temos a percepção nem de nós mesmos e nos achamos bons o bastante para julgar os outros. Decidimos em quem vamos acreditar e taxamos a opnião diversa àquela que escolhemos, como uma opnião mentirosa. Rótulos!

Somos mestres em rotular, qualificar, somos juízes, conselheiros. Sabemos tudo o que é de melhor para a vida do próximo, mas carregamos dentro de nós, nossa própria dor que não sabemos como curar.


Está certo que o homem é um animal gregário, mas o pensamento deveria ser individualizado. Nos importar com as opniões alheias é o que tolhe nossa liberdade. Somos capazes de amar, de perdoar, de cair e levantar, mas quando as aparências entram em jogo, tudo isso se torna impossível e passamos a agir baseados em regras e padrões de conduta imposta por baratas tontas que não sabem o que vieram fazer aqui, o que vieram buscar.

Cada um está aqui por um motivo, cada um tem sua própria guerra interna para travar. É esse pensamento de grupo que atrasa o avanço da humanidade. De fato somos um grupo e devemos nos ajudar, nos dar as mãos e tudo o mais. Esse é o grande papel da família, da amizade, dos amores: o dar as mãos. Mas essa mão tem que vir apenas para confortar ou para fazer a pessoa que cai, levantar. Mas o  caminho, cada um tem que seguir o seu.

Nos preocupar com a opnião alheia já é rotular os demais, os que tem opnião contrária, como errados e, se estão errados, são indgnos de serem levados em consideração. Bom, para quem não sabe, todos nós estamos errados, em algum ponto, certos em outro...tudo dependendo do referencial, do momento, da história. Posso ter errado uma vida inteira e de repente resolver acertar. Nossas escolhas são feitas a todo momento, a vida é dinâmica, fatos acontecem a todo instante e um simples gesto, um pequeno sentimento que aflora pode mudar toda uma história.

 Eu acredito nas pessoas, por pior que elas sejam, porque o que é pior ou melhor está dentro do saco da ilusão. É preciso acreditar. É preciso, antes de mais nada, acreditar em nós mesmos e enxergarmos o nosso próprio lugar no mundo já que cada um irá me enxergar da forma como bem entender, como suas experiências anteriores permitirem.  Individualização do pensamento e consciência de nós mesmos enquanto um ser cheio de falhas e em constante evolução. Evolução esta que só acontecerá quando nos abstrairmos das diversas opniões a nosso respeito e tecermos nossa própria opnião, mas uma opnião sincera, crítica. Nós sim podemos e devemos julgar a nós mesmos. O julgamento da pessoa pela própria pessoa não é  como o julgamento alheio, superficial, que nada constrói, só maltrata, rotula, menospreza.  

Eu individualizei meu pensamento para poder acreditar em mim mesma. A tristeza foi meu ponto de partida para que eu acredite que posso aprender. Nada  é fácil, nada é certo, nada está errado. Apenas eu sei o que devo fazer, em que sentido amadurecer e ninguém pode me dizer o que fazer porque todos que estão nesse mundo estão tentando se encontrar. Por isso gosto dos tortos, dos errados, porque esses são os mais sinceros, os mais corajosos, os que se mostram. Aqueles muito perfeitos usam máscaras.

Vou permanecer com o que eu tenho de melhor: meu otimismo, minha vontade de viver e minha coragem em admitir que errei quando eu errar, em admitir que preciso de ajuda quando eu precisar, que não sei o que fazer quando eu não souber, que amo mesmo quando eu já não for amada.







“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar nos sonhos que se têem
ou que os seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vais ser alguém...”

Renato Russo

POLÍTICA DE LEI SECA NO TRÂNSITO E DIREITO DE IR E VIR (Por Cláudio Lima da Silva)


Concordamos com a Lei Seca no Trânsito, pois realmente quem ingere bebida alcoólica ou outra substância entorpecente qualquer não deveria pegar no volante. Assim, temos a idéia de que a Lei Seca seja um instrumento para inibir essa prática, ou seja, evitar que a pessoa dirija sob efeito do álcool. No entanto, essa lei não tem como objetivo diminuir o movimento de bares e restaurantes, ou de festas e shows que ocorram na cidade e também não tem como objetivo interferir no arbítrio que as pessoas possuem de decidir se vão ingerir ou não qualquer bebida alcoólica.
Dito isso, vamos a dois episódios ocorridos com esse narrador:
Primeiro episódio: como moro em Taguatinga e gostaria de prestigiar um evento musical que aconteceria no autódromo do Plano Piloto no sábado a noite, optei por me hospedar no setor hoteleiro norte, ficando assim mais próximo ao local do evento. Minha intenção era ir de táxi para o local dos shows, podendo então curtir as apresentações apreciando algumas cervejas, as quais eram vendidas pelos ambulantes do local. Desse modo, como iria voltar de táxi, não teria problemas em ingerir alguma bebida alcoólica. Assim, estava tudo bem até o momento da volta para o hotel, pois fiquei na saída do evento esperando um táxi por quase 2 horas. Vejam só, um evento musical de grande porte em uma área central de Brasília e não havia sequer um táxi para quem quisesse sair do evento sem dirigir seu carro próprio.
Segundo episódio: tive que resolver umas questões em um cartório localizado na 505 sul, próximo à avenida W3, por volta das 11 horas da manhã de uma segunda-feira. Terminada a empreitada no cartório, como trabalho no setor de autarquias sul, optei por pegar um ônibus na W3. Cheguei na parada por volta de meio-dia, mas o ônibus que aguardava somente foi passar por perto das 13 horas. Desse modo, fiquei na parada de ônibus por quase uma hora e, assim, cheguei atrasado ao trabalho.
Narrados esses episódio, voltamos a dizer que concordamos com a Lei Seca no Trânsito, mas gostaríamos de ressaltar que, em nosso entender, está faltando uma Política de Lei Seca no Trânsito, na qual além das punições apresentadas na lei, também haja ações no sentido do melhoramento do transporte público de modo que aqueles cidadãos que andem conforme a Lei, também possam ter a liberdade de sair e de se divertir, além de poder voltar para sua residência, a qualquer hora, sem passar por maiores infortúnios do que aqueles que desrespeitam a Lei.
Nesse sentido, a única medida que o governo tem adotado é o incentivo à campanha do “amigo da vez”. Essa idéia, em si, não é má, no entanto, a adoção somente dela como solução do problema do álcool no trânsito jamais seria eficaz. Primeiramente, devido ao seu requisito indispensável que é a presença do amigo. Pessoalmente, então, a coisa fica mais difícil ainda, pois, sinceramente, gosto de sair sozinho. Não que não tenha amigos, esses eu os encontro pelos lugares onde ando, mas, sendo franco, dispenso um “amigo chofer”. E ainda, quem bebe sabe a tortura que é você ver seus amigos bebendo e se divertindo e você simplesmente assistindo sem poder fazer aquilo que eles estão fazendo. Mas, tudo bem, o incentivo à pratica do “amigo da vez” se viesse acompanhado por outras medidas talvez já poderíamos assim estar se aproximando de um verdadeira política de lei seca.
Voltando agora aos episódios narrados anteriormente, poderíamos extrair dos problemas ali apresentados, várias medidas que amenizariam muito as deficiências de transporte visando colaborar com aqueles cidadãos que queiram obedecer a Lei. Por exemplo, se houvesse redução nas tarifas de taxi, no caso do primeiro episódio, talvez não haveria necessidade da hospedagem no Plano, sendo que, com tal redução tarifária, eu poderia ter me deslocado de Taguatinga para o local do show utilizando essa forma de transporte. No entanto, nas condições atuais, eu pagaria um valor aproximado a 70 reais por deslocamento, ou seja, a ida e a volta ficaria por cerca de 140 reais. Sendo que no caso ilustrado, eu paguei uma diária no hotel no valor de 100 reais, portanto, mais em conta do que o deslocamento de táxi.
Não caberia, nesse momento, porém, fazer comparação financeira entre as formas de locomoção apresentadas no parágrafo anterior e uma outra forma que seria o deslocamento direto para o evento de carro próprio e fazendo uso de bebidas alcoólicas, pois nesse caso deveríamos incluir o risco pessoal, além do financeiro. Portanto, não cabe aqui tal comparação, mas nos sabemos que muitos preferem essa última opção e continuarão a adotá-la, caso não haja mudança nos rumos da campanha álcool zero.
Ainda, tratando do mesmo episódio, no caso da falta de agilidade no atendimento as chamadas, talvez o incentivo aos taxistas a implantarem plantões nas proximidades de festas e shows que ocorram na cidade poderia ter diminuído muito o tempo de espera que fomos submetidos na volta do evento narrado anteriormente.
No segundo episódio descrito, o leitor talvez deva estar se perguntando qual seria o enfoque, pois, no caso ali relatado, não há citação de qualquer bebida alcoólica. Porém, percebendo que em uma segunda-feira, naquele horário descrito, o cidadão espera por uma hora na parada para poder se deslocar para o seu trabalho, em uma área central do Plano Piloto, fico imaginando como seria no fim de semana, caso esse mesmo cidadão optasse por utilizar os serviços de um bar ou restaurante de sua preferência e se deslocar de ônibus, só ou com a família. Será que a espera seria menor ou maior? Posto que no fim de semana a tendência seja a redução da frota de ônibus em circulação, fica, portanto, evidente a resposta a tal pergunta.
Desse modo, se houvesse o incentivo estatal no sentido de se manter boa quantidade de ônibus em circulação nos fins de semana, principalmente em locais de grande movimento de bares e restaurante, ao nosso entender, seria também uma ótima medida visando a eficiência da Lei.
Posto isso, podemos perceber que o enfoque atual da campanha estatal da Lei Seca possui como foco o indivíduo que a infringe, ou seja, aquele cidadão que bebe e pega no volante, utilizando como instrumento de repressão a essa prática apenas a aplicação de diversas punições ou penalidades. No entanto, existe a necessidade de uma mudança de foco dessa campanha, privilegiando, desse modo, o cidadão que tenta cumprir a Lei se deslocando de outras formas que não seja dirigindo um veículo após ingerir qualquer bebida alcoólica. Assim, seria boa prática a implementação de uma verdadeira política de álcool zero no trânsito, com as medidas aqui sugeridas, entre outras, em complementação à vigência da Lei, que, sem isso, realmente continuará sendo “seca”.
Bsb, 13 de abril de 2012.
Cláudio Lima da Silva