quarta-feira, 23 de maio de 2012

Memórias de uma garota de 16 anos (Por Thaís Azenha, 2000)

Escrevi esse texto no ano de 2000 e ele continua bem atual...rsrs



        Ser o que eu quiser nunca me pareceu tão claro. Por quê as pessoas evitam ser felizes? 
Quando na verdade basta querer. Mas corremos do desconhecido, duvidamos do invisível. Acabamos como alimento perecível esperando o prazo de validade expirar. Apesar de ser difícil, estou aprendendo. 

  Estamos aprendendo a seguir sem aquela vontade Kantiana, aparentemente desinteressada, mas que é apenas o caminho mais fácil de ser trilhado para se subtrair à plena visão autêntica da vida. 

         A moral seja ela de Kant, de Hegel ou de Aristóteles não passa de máscara que esconde uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. E assim não quero viver, e veja bem este querer vem de vontade e não de não saber ser de outra maneira.


        Segundo o livro " Vontade de Potência" não existe vida média para Nietzsche, nem se aproxima entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é necessário arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.

       Assim, hoje posso viver como se tivessem retirado um peso de minhas costas. É  claro que agora sei o porquê desse querer e avaliar se é bom ou ruim. Então me farei feliz, custe o que custar! Mas ao chegarmos a essa conclusão já sabemos que nos fará muito mais bem do que mal. Quem se julga tão superior só faz o que a sociedade quer e dita. Não possui vontade de potência bem implementada.
      É o pai que construiu uma família apenas por obrigação e finge estar bem. Hoje repudia a mulher, não pode mais ceder a ela todo o prazer que merece. Afinal ela também se entregou á essa vidinha tranquila e obrigações. Mas o que mais queria ficou em um sonho distante, porque sonhos não causam decepções. Agora tornaram-se escravos um do outro. As pessoas devem fazer o que querem sem que sejam forçadas.
Cada um sabe de si, do seu sonho, se é ter família, se é ter uma certa profissão, viajar pelo mundo.

       E cadê a chance de tentar? E a chance de viver? Não, não vegete assim, se estrague e se conserte. Se ame e se odeie. Se faça feliz e se permita sofrer, de vez em quando. Só pelo próprio prazer de tentar, que graça tem fazer o bolo se não se pode provar?

"Para Nietzsche o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordemestruturaforma e inteligência. Nele as coisas "dançam nos pés do acaso" e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida."


 FOGEL, Gilvan. Apresentação. in: NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Poder





"Tira, a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro, jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer, consciente, inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro"
(Pitty, Máscaras)

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