quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O vulcão, a cerveja e o anjo decaído (Por Lua)

Acordo 5 horas da manhã porque sonhei com um vulcão. Não gosto de sonhar com vulcões Aí lá vou eu procurar o significado de "sonhar com vulcão", mas fiz isso apenas porque não conseguia mais dormir e não tinha nada pra fazer. O primeiro que encontrei dizia que significava problemas sendo resolvidos, calúnias sendo desmentidas (aí eu gostei), mas o segundo mandava eu tomar cuidado com acontecimentos perigosos,  cuidado com coisas que explodem. Garrafas explodem, que merda, pensei!!



Mas aí acordada me bateu uma certa tristeza, um pouco de tristeza, um pontinha só. Acho que ás vezes isso é inevitável. Tristeza pelos mortos que um dia estiveram em minha vida, tristeza pelo fraco, pelo covarde que tem medo de ser feliz por medo da felicidade acabar. Ora, a felicidade é feita de instantes e não se pode mensurar o quanto ela vai durar. Temos que ser feliz agora, depois a gente tenta ser feliz mais um pouquinho, amanhã a gente tenta de novo, depois de amanhã é feliz por outro motivo, na sexta a gente bebe, no sábado toma um porre, no domingo vamos para o bar do Roberto, e assim a gente vai tentando levar uma vida feliz.  Assim a gente ri, brinca, conta história, toma banho de chuva, anda de táxi, vai ao cinema dar pipoca aos macacos, cuida das ovelhas negras, viaja pra Cuiabá, anda à cavalo, pega carruagens, perde o carro, troca as bolsas, sente saudade, mata a saudade, ama, não ama, desama, ama as amigas, conhece gente, finge que não conhece, um desconhecido passa a ser conhecido porque te pergunta se você mora naquele bar, ganha um brinco de outro desconhecido no bar do Mike (obrigada, adorei o brinco), ... e por aí vai!

Em Alpha tem um cemitério, e é lá que enterro meus mortos. Não choro por eles, não sinto saudade, estão mortos apenas e para um ou outro pelo qual eu tive um pouco mais de carinho quando vivo, escolho uma estrela para ir morar. Mas vou ter que começar a procurar outro lugar para enterrá-los pois alguns estão sugando energia de alguma fonte desconhecida (pode ser que seja do vulcão) e voltando à vida e aí, me cobram assuntos do passado ou simplesmente querem ser meus amigos.  Não curto esse lance de necrofilia, se morreu, morreu, tá morto, eu enterro, viro as costas, vou embora. Se tiver que chorar por algum, vou chorar escondido, sem drama, sem futuro, sem esperança de nada, só um choro que talvez tenha ficado contido e que precise sair para me liberar dessa angustia de chorar pelos mortos. Prefiro os vivos, aliás prefiro ficar sozinha do que na companhia dos mortos-vivos que teimam em voltar para tentar comer meu cerébro(?) e depois me deixar, descerebrada e sozinha de novo.

É nessa hora que eu lembro de um dia ter me apaixonado e recorro à minha paixão: mando um cerveja goela abaixo, tomando cuidado para a garrafa não explodir (afinal de contas, sonhei com vulcão), e o liquido gelado aquece meu coração. 

 Com o coração aquecido, o vulcão, o morto, o fraco, o covarde, voltam a ser esquecidos e são lançados de volta pro limbo de onde nunca deveriam ter saído enquanto eu volto a ser um feliz anjo decaído que não conhece o amor (embora queira conhecer...), mas também não se lembra de um dia ter sofrido.

Bom, agora acho que vou tentar dormir mais um pouquinho, sem vulcões dessa vez. Prefiro sonhar com o Patati Patatá.








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